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Aziz: apologia a imunidade de rebanho é um dos maiores crimes cometidos no Brasil

2.jun.2021 - O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, durante sessão - Jefferson Rudy/Agência Senado
2.jun.2021 - O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid, durante sessão Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Amanda Pupo, Daniel Weterman e Matheus de Souza

Brasília

11/06/2021 18h30

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), classificou o que chamou de "apologia a imunização de rebanho" como um dos maiores crimes já cometidos no Brasil. Para o senador, a atuação da comissão fez "empatar o jogo" com aqueles que defendem desde o início da pandemia medidas como o tratamento precoce e a imunidade de rebanho.

"Desde o primeiro momento (da CPI), vimos que o governo nunca teve interesse em comprar as vacinas, protelou ao máximo para comprar, se interessou por tratamento precoce", disse o presidente da CPI na sessão de depoimento do médico sanitarista Cláudio Maierovitch e da microbiologista Natalia Pasternak.

Para Aziz, antes de o colegiado começar os trabalhos, o Brasil estava perdendo por "7 a 1", uma vez que o contraponto às teses de imunidade de rebanho e do tratamento precoce não tinha o alcance que a CPI conseguiu promover, na visão do senador.

"Quando iniciamos, o Brasil estava perdendo de 7 a 1, porque o contraponto à imunização de rebanho e ao tratamento precoce, por mais que os especialistas falassem na televisão, não tinha alcance que CPI teve para chegar à população brasileira. Nós empatamos esse jogo, porque eles continuam ainda prescrevendo esse medicamento, fazendo apologia ao tratamento precoce, à imunização de rebanho", afirmou o senador.

A sessão foi encerrada há pouco. Antes, Aziz quis saber a avaliação dos especialistas sobre a "importância" da CPI para o País. "Está sendo de extrema importância para trazer a ciência ao debate público", respondeu Pasternak, que é pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP). "Há uma expectativa de que o poder legislativo brasileiro, representado por essa CPI, consiga produzir um contraponto à ausência de políticas públicas para enfrentar a pandemia", disse Maierovitch, que já foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Espero que um dia a história faça justiça, espero que muito antes disso, vocês e os poderes investidos façam justiça a tempo de a gente ter menos mortes e sofrimento", afirmou mais cedo o sanitarista.

Como mostrou o Broadcast Político há pouco, os especialistas ouvidos afirmaram durante o depoimento que a conduta do presidente Jair Bolsonaro fez o número de mortes por covid-19 aumentar no País. Na quinta-feira, 10, O País ultrapassou a marca dos 480 mil óbitos pela doença desde o início da pandemia.

Pasternak e Maierovitch apresentaram estudo do epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas (UFP) Pedro Hallal apontando que, no caso de 500 mil mortes pela covid no País, 375 mil poderiam ter sido poupadas se o Brasil adotasse medidas preventivas orientadas por especialistas e praticadas em outros países, como isolamento social, vacinação e campanha de comunicação coordenada.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.