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Proposta para vedar militares no governo ganha apoio de 5 ex-ministros da Defesa

A PEC já tem o apoio de 189 deputados federais de todos os partidos representados na Casa, 18 a mais que o mínimo necessário para que a proposta tramite no Congresso - iStock
A PEC já tem o apoio de 189 deputados federais de todos os partidos representados na Casa, 18 a mais que o mínimo necessário para que a proposta tramite no Congresso Imagem: iStock

Pedro Caramuru

São Paulo

14/07/2021 17h23

Cinco ex-ministros da Defesa brasileiros, que chefiaram o controle das Forças Armadas no País, manifestaram apoio nesta quarta-feira (14) à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe a participação de militares da ativa em cargos do governo. O texto, se for aprovado, obriga militares que queiram assumir cargos de natureza civil na Administração Pública - seja nos governos municipal e estadual seja no federal - com menos de dez anos de serviço se afastem da atividade militar, e aqueles com mais de dez, que passem para a inatividade.

Em nota divulgada hoje, os ex-ministros afirmam que as Forças Armadas - "instituições de Estado, permanentes, nacionais e regulares, organizadas com base na disciplina e na hierarquia" - não devem se confundir com governos, pois sua razão de ser é a defesa da Pátria e da soberania. O texto é assinado pelos ex-ministros Nelson Jobim, Celso Amorim, Jaques Wagner e Aldo Rebelo, que serviram sob a gestão Dilma Rousseff, bem como Raul Jungmann, que exerceu a função durante o governo Michel Temer. O general Joaquim Silva e Luna, que também ocupou o cargo no último governo e é atual presidente da Petrobras, não assina o documento.

A PEC foi elaborada pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e já tem o apoio de 189 deputados federais de todos os partidos representados na Casa, 18 a mais que o mínimo necessário de 171 assinaturas para que a proposta tramite no Congresso.

Para os ex-ministros, a PEC apresentada pela deputada Perpétua "propõe, em boa hora, a regulamentação da participação de militares da ativa em funções de governo, separando aquelas de natureza técnica e que podem ser atribuídas a militares, daquelas que permitam o risco da politização das Forças Armadas com consequências nocivas para estas instituições e para o País".

Na última semana, após atritos entre o atual ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e membros do Senado, a deputada destacou que as Forças Armadas (FA) não podem retroceder o mais elevado reconhecimento alcançado como instituição de Estado. "O presidente Bolsonaro já nem dissimula sua escalada de politização das FA, enquanto envolve Marinha, Exército e Aeronáutica na desmoralização de seu governo", afirmou.

OAB

O texto também conta com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em nota, o presidente da entidade, Felipe de Santa Cruz, afirma que a proposta é uma grande oportunidade de debater, de forma ampla e democrática, a regulamentação da participação de membros das Forças Armadas nos governos. "Trata-se de preservar a democracia e proteger as Forças de processos de politização", reforça.