Congresso mantém previsão de orçamento secreto para 2022
O Congresso fez uma série de alterações no projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), aprovado ontem, para turbinar o pagamento de emendas pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) em 2022, ampliando os recursos e agilizando os repasses a políticos em ano eleitoral. Pela primeira vez, o Executivo terá um prazo para empenhar as chamadas emendas de relator, que estão no centro do orçamento secreto, revelado pelo Estadão.
O projeto, relatado pelo deputado Juscelino Filho (DEM-MA), garante a indicação das verbas pelo relator-geral do Orçamento (RP9) e pelas comissões do Congresso (RP 8), possibilidade não prevista no projeto encaminhado inicialmente pelo Executivo. As emendas do orçamento secreto foram usadas pelo governo no ano passado para destinar recursos a redutos eleitorais de parlamentares sem os critérios de distribuição e transparência adotados para as demais emendas. O mecanismo foi questionado no TCU (Tribunal de Contas da União). A Corte concluiu que o modelo fere a Constituição.
Com as mudanças, o relator-geral da LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2022, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), terá o poder de aumentar o valor das verbas federais no próximo ano. Essas indicações devem ser divididas entre deputados, senadores e ministérios do governo. Os parlamentares derrubaram uma tentativa da oposição de limitar o montante e estabelecer a distribuição igualitária entre bancadas do Congresso. Na prática, a medida reforça o poder de barganha do governo para favorecer parlamentares da base de apoio no Legislativo. No ano passado, por exemplo, deputados e senadores apontaram o destino de cada fatia por meio de ofícios enviados diretamente às pastas do governo, recuperando antigo modelo de negociação que beneficia congressistas da base de apoio.
"Essas emendas de relator — que foram classificadas como orçamento secreto — são um grave erro que o Parlamento está cometendo. Essa forma de distribuir recursos do Orçamento não vai terminar bem", afirmou o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ).
A presidente da CMO (Comissão Mista do Orçamento), Rose de Freitas (MDB-ES), prometeu garantir a transparência dessas indicações no Orçamento. "Será tudo factível num debate amplo, aberto, e a palavra que eu mais gosto tem sido uma prática na minha vida, permanentemente: transparência. Não será nem um centímetro longe disso", disse a senadora.
Pelo projeto aprovado, o Executivo terá seis meses, a partir da aprovação do Orçamento do ano que vem, para empenhar as emendas de relator. O empenho representa a reserva financeira da verba nas contas públicas e destrava a fase seguinte, que é a entrega efetiva da obra. Se o Orçamento for aprovado e sancionado até janeiro, por exemplo, o governo terá de empenhar todas as emendas de relator até julho, garantindo recursos para redutos eleitorais antes das eleições de outubro.
Verba
No caso das emendas de relator, a execução deverá respeitar as indicações dos beneficiários e a ordem de prioridade feitas pelo autor da emenda, ou seja, o próprio relator-geral. Isso significa que caberá a ele indicar para onde vai o recurso na hora da liberação. A proposta, porém, não prevê nenhum mecanismo para identificar qual parlamentar influenciou e definiu o destino final do recurso.
Em 2021, as emendas de relator aumentaram o volume de emendas parlamentares de R$ 17 bilhões para R$ 33,8 bilhões, após os vetos presidenciais. Para 2022, o valor só será definido na LOA (Lei Orçamentária Anual), que deve ser discutida pelo Congresso no segundo semestre deste ano.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.