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Deputada Luisa Canziani pede para deixar PTB após virar alvo de Roberto Jefferson

A deputada afirma sofrer perseguição e discriminação pessoal e afirma que a guinada ideológica do partido permite que ela se desfilie sem perder o mandato - Divulgação
A deputada afirma sofrer perseguição e discriminação pessoal e afirma que a guinada ideológica do partido permite que ela se desfilie sem perder o mandato Imagem: Divulgação

Anne Warth

Brasília

27/07/2021 19h18

A deputada federal Luisa Canziani (PTB-PR) entrou com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para deixar o partido. Alvo de ataques do presidente da sigla, Roberto Jefferson, a deputada afirma sofrer perseguição e discriminação pessoal e afirma que a guinada ideológica do partido permite que ela se desfilie sem perder o mandato. A ação é assinada por sua defesa e pela deputada Margarete Coelho (PP-PI) e será relatada pelo ministro Edson Fachin.

Na ação, a deputada menciona que a postura "extravagante" de Jefferson levou a uma debandada de lideranças do PTB em todo o País - inclusive seu pai, o ex-deputado Alex Canziani, atualmente secretário de governo da prefeitura de Londrina (PR). Deputado pelo partido de 1999 a 2018, ele deixou a presidência estadual do partido após intervenção de Jefferson. Eles ainda não decidiram para qual legenda vão, mas receberam convites do PP e do PSD.

"O PTB mudou de símbolo, de estatuto e de slogan. Passou a radicalizar posições políticas e ideológicas. Expurgou de seus quadros lideranças históricas, interveio em diretórios, nomeou novas lideranças - algumas recém-filiadas, como no caso paranaense", diz a ação.

"Luisa, filha de Alex, precisava ser alijada desse 'novo PTB'. É que, para os 'novos petebistas', a filha de um representante do 'antigo PTB' (por mais de 30 anos) não poderia mais representar os interesses da agremiação na Câmara - a única pelo Paraná, é relevante dizer."

Entre as mudanças feitas por Roberto Jefferson, menciona a ação, o PTB alterou também as cores - antes vermelho e preto e hoje verde e amarelo. O novo estatuto excluiu o termo "democratização da propriedade rural" e a substituiu por "proteção", e trocou "qualificação do ensino" por "qualificação para o trabalho". A carta-testamento do patrono do partido, Getúlio Vargas, foi excluída dos símbolos do partido. Além disso, a sigla incluiu um desenho de um leão, leoa e filhotes, "como alusão à família cristã, que representa o rugido da vida e da liberdade".

"Ou seja, de 2018 (eleição de Luísa) para cá, a requerente - e todo o seu eleitorado - viu o partido ser descaracterizado por completo em cores, símbolo e programa, bem como, especificamente no seu Estado, ter o seu presidente e liderança histórica (além de ser seu pai, o que é ainda mais traumático) alijado da direção estadual que depois foi ocupada, sem eleição ou consulta, por alguém que sequer era filiado até então", diz a ação.

"Como conceber que Luísa possa ser compelida a ficar em um partido que modificou sobremaneira seu modo de agir e pensar, a ponto de destituir liderança tão longeva na região? Como cogitar que Luísa fique no partido cuja presidência estadual era ocupada por seu pai e que o motivo da saída é exatamente em decorrência da mudança das posições ideológicas da sua direção nacional?"

Na ação, a deputada afirma nunca ter votado contra a orientação do PTB ou se posicionado contra o programa partidário. O presidente do PTB anunciou a expulsão de Luisa Canziani em suas redes sociais após acusá-la de gravar uma reunião no Ministério da Educação - o que não ocorreu. No episódio, ela foi chamada de "traíra e X9". Ela também se tornou alvo de ataques do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) devido a divergências no relatório do projeto de lei do homeschooling, que regulamenta o ensino domiciliar.