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Amilton: o que cometi não agradou primeiramente aos olhos de Deus

Matheus de Souza, Daniel Weterman e Amanda Pupo

Brasília e São Paulo

03/08/2021 17h09

O reverendo Amilton Gomes de Paula chorou durante depoimento na CPI da Covid e pediu desculpas ao Brasil por ter participado da tentativa de venda de vacinas ao Ministério da Saúde. O referendo declarou que o fez "não agradou primeiramente aos olhos de Deus", e que ele se arrependia "de ter estado nessa operação das vacinas".

"Eu tenho culpa sim. E hoje de madrugada antes de vir pra cá eu dobrei os meus joelhos, orei, e aí eu peço desculpa ao Brasil. E o que eu cometi não agradou primeiramente aos olhos de Deus", disse, e emendou: "Esse erro que eu cometi é um erro que se eu pudesse voltar atrás eu voltaria. Eu peço perdão a todos os senadores, a todos os deputados, e o que eu puder fazer pra melhorar a vida de alguém... Pra quem me conhece como pastor e está me assistindo e está dizendo 'esse eu conheço". Jamais fraudei ou tirei algo de alguém, estou aqui para contribuir com o Brasil sempre".

O reverendo chegou à comissão após ser apontado por representantes da Davati Medical Supply como um "intermediador" entre o governo federal e a empresa, que ofertava vacinas. A Davati é investigada pela CPI da Covid após o policial militar Luiz Paulo Dominghetti, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, dizer que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca para fechar contrato com a empresa.

'Dúvida cruel'

Marcos Rogério (DEM-RO), que é presbítero da Assembleia de Deus, tentou isentar o reverendo de responsabilidade e afirmou que Amilton poderia ter sido induzido por sua boa fé. "Eu não fiz essa ponderação com relação a Dominghetti e com relação a Cristiano" ", falando sobre dois representantes da Davati que prestaram depoimento à CPI "porque ali me pareceu absolutamente se tratar de dois trambiqueiros, mas em relação a vossa excelência não quero fazer essa presunção, eu quero crer na sua boa-fé, e que vossa senhoria tenha sido vítima dessa situação toda".

"De que paraquedas o senhor caiu nessa mediação. Estou numa dúvida cruel, eu não sei se vossa senhoria foi enganado, ludibriado, ou se vossa senhoria, com todo respeito, é parte de uma tríade de golpistas. Eu lamento muito ter que fazer isso aqui, porque eu defendo o governo, mas não defendo qualquer prática que passe parte de alguma suspeita de irregularidade."