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Bolsonaro aproveita visita a refugiados da Venezuela para atacar esquerda e Lula

Eduardo Gayer

Brasília

26/10/2021 13h04

Suspenso do YouTube após citar uma falsa relação entre vacina contra covid-19 e aids, o presidente Jair Bolsonaro fez neste início de tarde desta terça-feira uma transmissão ao vivo no Facebook durante visita à Operação Acolhida, que atende refugiados venezuelanos em Boa Vista (Roraima). Bolsonaro aproveitou a agenda junto a uma população vulnerável para reforçar críticas à esquerda, à Venezuela e até mesmo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quem deve ser seu principal adversário nas eleições de 2022.

Sem usar máscara de proteção contra a covid-19, o presidente aparece no vídeo abraçando uma multidão de crianças venezuelanas. Ele visitou barracas utilizadas como abrigo a refugiados e postos de atendimento aos cidadãos, bem como mostrou, no vídeo bebês dormindo em colchões no chão. "O que a gente quer mostrar é que não queremos isso para o nosso País. Para o bem maior nosso, precisamos ver nossa liberdade. As escolhas erradas levam a isso", declarou Bolsonaro, que adota o discurso da suposta perda de liberdades no Brasil para amalgamar apoiadores.

Acompanhado pelos ministros João Roma (Cidadania) e Anderson Torres (Justiça), além do ex-senador Magno Malta, o chefe do Executivo deu tom eleitoral à visita aos refugiados. "O presidente brasileiro do passado ia à Venezuela fazer campanha com Chávez, Maduro", afirmou. Também de forma indireta, Lula ainda foi citado na própria descrição do vídeo publicado nas contas oficiais do presidente. "Averiguação da Operação Acolhida, situação do estado com os impactos dos refugiados e medidas tomadas para acolhimento de nossos irmãos venezuelanos que fogem da ditadura socialista de Nicolas Maduro, apoiada pelo ex-presidiário petista", diz o texto.

Apesar das menções ao adversário político, líder nas pesquisas e intenção de voto, Bolsonaro rechaçou o viés político de sua visita a Boa Vista. "Não estou fazendo campanha, estou mostrando a realidade", disse. "O ideal é a Venezuela é voltar à normalidade, mas sabemos que só um milagre para isso acontecer. Eles vem para cá atrás de comida".