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OMS desaconselha tratar covid-19 com plasma convalescente
São Paulo - A Organização Mundial da Saúde (OMS) desaconselhou tratar a covid-19 com plasma convalescente independente do quadro de severidade da doença, em uma nova atualização de suas diretrizes terapêuticas. A entidade, porém, abriu uma exceção: o uso do tratamento em pacientes graves e críticos em estudos clínicos. Em casos leves e moderados, a utilização é "fortemente" não recomendada.
O tratamento por plasma convalescente consiste na transfusão de plasma sanguíneo de alguém que se recuperou da doença em um enfermo. Essa foi a sétima atualização das diretrizes da organização desde o início da pandemia. A decisão foi tomada por um painel independente de especialistas, o grupo de desenvolvimento de diretrizes (GDG, na sigla em inglês), que analisou dados de 16 ensaios clínicos, que testaram o tratamento em mais de 16 mil pacientes com quadros não graves, graves e críticos da infecção.
No Brasil, em 2020, conforme revelou o Estadão, a transfusão de plasma era foco de ao menos 26 estudos clínicos, a maioria não concluída ou com resultados inconclusivos. Na época, cientistas brasileiros disseram que resultados dos primeiros estudos no País e no mundo mostravam que a terapia era segura e promissora. Por limitações na metodologia das pesquisas ou número pequeno de participantes, nenhuma delas permitia afirmar que o tratamento reduzia significativamente o risco de morte pelo novo coronavírus.
As evidências atuais, segundo a OMS, porém, mostram que esse tipo de tratamento não melhora a sobrevida nem reduz a necessidade de ventilação mecânica do paciente. O plasma convalescente "não traz nenhum benefício para pacientes não graves", avalia a organização.
O grupo de pesquisadores ainda destaca que o tratamento com plasma "está associado a requisitos de recursos significativos". Isso porque há um custo agregado elevado na identificação de potenciais doadores; no teste do plasma deles para garantir títulos adequados de anticorpos anti-SARS-CoV-2; e na coleta, transporte, armazenamento e administração do hemoderivado.
Além disso, indicaram haver dificuldades regulatórias na maioria das jurisdições relacionadas à transfusão de produtos sanguíneos pelo mundo. E que, ao serem consultados, a maior parte dos pacientes bem informados disse preferir não receber tratamento com plasma.
Por outro lado, os dados avaliados pelos pesquisadores indicaram baixo risco de danos associados à transfusão do hemoderivado - eles destacam que isso não significa que o risco do procedimento seja nulo. O grupo considerou como moderada a chance de reação alérgica, lesão pulmonar aguda (Trali) e sobrecarga circulatória (Taco).
Estudos em casos críticos
No caso de infecções graves e críticas, porém, ainda há incerteza sobre a eficiência do tratamento, por isso, os cientistas orientam a continuidade de estudos. "A recomendação de uso somente em testes clínicos é apropriada quando as evidências são de baixa certeza, e pesquisas futuras têm potencial para reduzir a incerteza sobre os efeitos da intervenção a um custo razoável", justificaram na diretriz.
O painel de pesquisadores também deu orientações sobre como devem ser essas pesquisas futuras. Produtos de alto título (quantidade) de anticorpos e pacientes soronegativos (sem anticorpos) devem ser prioridade, indicaram. O grupo ainda destacou a necessidade de que estudiosos indiquem a quantidade de anticorpos do doador e o volume deles infundido. A maioria dos estudos analisados, aponta o painel, não relataram essas informações.
O tratamento por plasma convalescente consiste na transfusão de plasma sanguíneo de alguém que se recuperou da doença em um enfermo. Essa foi a sétima atualização das diretrizes da organização desde o início da pandemia. A decisão foi tomada por um painel independente de especialistas, o grupo de desenvolvimento de diretrizes (GDG, na sigla em inglês), que analisou dados de 16 ensaios clínicos, que testaram o tratamento em mais de 16 mil pacientes com quadros não graves, graves e críticos da infecção.
No Brasil, em 2020, conforme revelou o Estadão, a transfusão de plasma era foco de ao menos 26 estudos clínicos, a maioria não concluída ou com resultados inconclusivos. Na época, cientistas brasileiros disseram que resultados dos primeiros estudos no País e no mundo mostravam que a terapia era segura e promissora. Por limitações na metodologia das pesquisas ou número pequeno de participantes, nenhuma delas permitia afirmar que o tratamento reduzia significativamente o risco de morte pelo novo coronavírus.
As evidências atuais, segundo a OMS, porém, mostram que esse tipo de tratamento não melhora a sobrevida nem reduz a necessidade de ventilação mecânica do paciente. O plasma convalescente "não traz nenhum benefício para pacientes não graves", avalia a organização.
O grupo de pesquisadores ainda destaca que o tratamento com plasma "está associado a requisitos de recursos significativos". Isso porque há um custo agregado elevado na identificação de potenciais doadores; no teste do plasma deles para garantir títulos adequados de anticorpos anti-SARS-CoV-2; e na coleta, transporte, armazenamento e administração do hemoderivado.
Além disso, indicaram haver dificuldades regulatórias na maioria das jurisdições relacionadas à transfusão de produtos sanguíneos pelo mundo. E que, ao serem consultados, a maior parte dos pacientes bem informados disse preferir não receber tratamento com plasma.
Por outro lado, os dados avaliados pelos pesquisadores indicaram baixo risco de danos associados à transfusão do hemoderivado - eles destacam que isso não significa que o risco do procedimento seja nulo. O grupo considerou como moderada a chance de reação alérgica, lesão pulmonar aguda (Trali) e sobrecarga circulatória (Taco).
Estudos em casos críticos
No caso de infecções graves e críticas, porém, ainda há incerteza sobre a eficiência do tratamento, por isso, os cientistas orientam a continuidade de estudos. "A recomendação de uso somente em testes clínicos é apropriada quando as evidências são de baixa certeza, e pesquisas futuras têm potencial para reduzir a incerteza sobre os efeitos da intervenção a um custo razoável", justificaram na diretriz.
O painel de pesquisadores também deu orientações sobre como devem ser essas pesquisas futuras. Produtos de alto título (quantidade) de anticorpos e pacientes soronegativos (sem anticorpos) devem ser prioridade, indicaram. O grupo ainda destacou a necessidade de que estudiosos indiquem a quantidade de anticorpos do doador e o volume deles infundido. A maioria dos estudos analisados, aponta o painel, não relataram essas informações.
Leon Ferrari
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