Wassef diz que Milton Ribeiro usou nome de Bolsonaro sem consentimento
"Ele usou o nome do presidente sem conhecimento, sem autorização. Cada um se explique pelo que fala", disse Wassef, em entrevista no Palácio do Planalto. "Compete ao ex-ministro explicar por que ele usa o nome do presidente de forma indevida."
O grampo motivou a remessa ao Supremo Tribunal Federal do inquérito da Operação Acesso Pago, que investiga o esquema do gabinete paralelo de pastores revelado pelo Estadão.
"Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa", diz o ex-ministro em telefonema com a filha Juliana Pinheiro Ribeiro de Azevedo, no último dia 9. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos na quarta-feira, 22. A Polícia Federal prendeu Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, a cúpula do esquema. No entanto, eles foram libertados por ordem do desembargador Ney Bello e aguardam o desenrolar das investigações em liberdade.
O Estadão teve acesso à conversa interceptada pela Polícia Federal. O ex-ministro afirma ter sido procurado por Bolsonaro. "Hoje o presidente me ligou Ele tá com um pressentimento novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe?", conta Milton Ribeiro.
A filha do ex-ministro, então, pergunta se Bolsonaro pediu ao pai para parar de mandar mensagens. "Eu não sei se ele (Bolsonaro) tem alguma informação. Eu estou ligando do meu celular normal, viu pai?", diz ela.
O advogado do presidente afirmou que a divulgação do áudio é um "vazamento criminoso de um material em segredo de justiça". O Ministério Público Federal, em manifestação judicial, citou a existência da gravação e classificou como "possível interferência ilícita" de Bolsonaro na investigação, com o vazamento da investida da PF.
Segundo o advogado, Bolsonaro está "tranquilo porque não tem nada a ver com a história". Apesar do telefonema relatado por Ribeiro, o advogado diz que o presidente não mantém contato com o ex-ministro.
"O presidente não tem nenhuma informação sobre a investigação, não tem acesso a informação privilegiada, não interfere na PF", alega Wassef.
O advogado repetiu o discurso de aliados do presidente de que a máquina pública está sendo usada com fins políticos para prejudicá-lo, às vésperas das eleições.
Ele também negou que o presidente tenha intercedido junto à PF para evitar a transferência de Ribeiro de Santos para Brasília, como ordenara a Justiça, onde seria interrogado pelo delegado Bruno Calandrini. O chefe da investigação afirmou que houve interferência superior no caso, o que o deixou sem autonomia para investigar. Segundo o delegado, Ribeiro recebeu tratamento privilegiado.
"O que está se cobrando é que as pessoas sejam presas e em questão de duas horas transferidas em aeronave particular. Por que isso não ocorreu vamos dar o nome de interferência? Mentira para atingir o presidente Bolsonaro", disse Wassef.
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