Santa Catarina tem 'congestionamento' de candidaturas alinhadas a Bolsonaro
Carlos Moisés foi uma das surpresas da eleição de 2018, eleito com 71% dos votos no segundo turno, impulsionado pela onda bolsonarista. O mandato, porém, foi tumultuado. Entre outubro e novembro de 2020 e entre março e maio de 2021, ele foi afastado provisoriamente do cargo em razão de dois processos de impeachment instaurados pela Assembleia Legislativa. Moisés, que é advogado e bombeiro, escapou de ambos - o primeiro processo acusava o governador de conceder aumento ilegal aos procuradores do Estado e o segundo de compra ilegal de respiradores durante a pandemia.
Principal concorrente do governador, o senador Jorginho Mello fez parte do grupo de apoio a Bolsonaro durante a CPI da Covid, no ano passado, e ganhou a simpatia do presidente. Amin e Loureiro também tentam aproximação com Bolsonaro.
Gean Loureiro, que adotou medidas duras de restrição sanitária em Florianópolis durante a pandemia, não dava indícios de que se aproximaria do presidente até a chegada de João Rodrigues (PSD), prefeito de Chapecó e ligado a Bolsonaro, para coordenar sua pré-campanha. "Ele corre o risco de perder esse eleitor que aprovava o seu governo, mas que não tem uma identificação ideológica com o Bolsonaro", analisa o cientista político e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Julian Borba.
Bolsonaro ainda não se posicionou claramente na disputa em Santa Catarina. No final de junho, durante passagem por Balneário Camboriú para a Marcha para Jesus, o presidente não fez menção à corrida pelo governo catarinense, apesar da presença de Amin e Mello no evento.
Frente ampla da esquerda enfrenta dificuldades
A tentativa de construir uma frente ampla de esquerda enfrenta dificuldades. Tentando repetir a parceria nacional, um acordo entre PT e PSB não foi bem-sucedido e hoje Décio Lima (PT) e o senador Dário Berger (PSB), que saiu do MDB depois de quase 15 anos justamente para concorrer ao governo estadual, prometem disputar a preferência do eleitor. Ambos seguem empatados com 5,3% das intenções de voto.
Até agora Lima tem se saído melhor na disputa. O PT já recebeu apoio de partidos como PSOL, Solidariedade e, mais recentemente, do PDT, o que aumentou o isolamento político de Berger. Os pedetistas devem ter a vaga ao Senado na chapa. A aliança estadual simboliza a união dos partidos que se divergem no plano nacional. Ciro Gomes, por exemplo, tem intensificado os ataques ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Quando um projeto começa mal, acaba mal", criticou o senador Dário Berger em entrevista para o Estadão/Broadcast no final de junho, fazendo referência a uma aliança da esquerda no Estado.
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