Topo

Esse conteúdo é antigo

Sem citar nomes, Bolsonaro diz que 40 embaixadores confirmam reunião na 2ª

O presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, em Brasília  - Adriano Machado/Reuters
O presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, em Brasília Imagem: Adriano Machado/Reuters

André Shalders

17/07/2022 19h59Atualizada em 17/07/2022 20h14

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse na tarde deste domingo (17), que cerca de quarenta embaixadores estrangeiros já confirmaram presença na reunião convocada por ele para tratar das urnas eletrônicas. Ele, porém, não mencionou quais seriam estes embaixadores - reportagem do Estadão mostrou que algumas das principais representações estrangeiras, como Estados Unidos, Reino Unido e Japão ainda não confirmaram presença. O encontro está agendado para as 16h no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e servirá para que Bolsonaro repita a tese nunca comprovada de que houve fraude nas eleições de 2014 e 2018.

"Eu abri o convite para todo mundo. A ideia minha inicial era convidar uns 50 (embaixadores). (Mas) Por que vai excluir? Qual o critério para excluir? Tem que ter critério. E aí (vem) quem quer. É convite também", disse Jair Bolsonaro.

O presidente da República deu a entender que a reunião com embaixadores é uma "resposta" ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin. Recentemente, a Corte Eleitoral fez uma reunião com os representantes das embaixadas para mostrar como funcionam as urnas eletrônicas brasileiras. "Deixar bem claro uma coisa que o Fachin não… levou em conta. Quem trata da política externa é o presidente da República, de acordo com a Constituição", disse.

Bolsonaro também afirmou que sua exposição será "técnica". O presidente pretende requentar informações de um inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre as eleições de 2018, que no entanto não mostrou a ocorrência de fraudes na totalização dos votos.

"Não vou supor nada. O foco é na transparência eleitoral. Fazer com que uma vez acabando as eleições ninguém duvide da mesma, e o perdedor imediatamente ligue para o ganhador. Essa que é a ideia. Temos mecanismos para praticamente zerar a possibilidade de qualquer interferência, diferentemente do que é dito no inquérito da PF em 2018 por documentos fornecidos pelo TSE", disse o presidente.

Como mostrou o Estadão, os representantes de algumas das principais embaixadas estrangeiras em Brasília como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Rússia ainda não confirmaram presença na reunião com Jair Bolsonaro.

Outras embaixadas confirmaram que enviarão representantes, como a da França e a da União Europeia. Há dúvidas na comunidade diplomática sobre quais foram os critérios usados pelo Palácio do Planalto para escolher quais representações estrangeiras seriam chamadas. A representação do Reino Unido em Brasília não foi convidada até o começo da noite deste sábado, dia 16, por exemplo, assim como alguns outros países europeus, a exemplo da Suécia e de Singapura.

No caso dos Estados Unidos, ainda não há decisão sobre comparecer ou não: o atual chefe da embaixada, o encarregado de negócios Douglas Koneff, está fora de Brasília. Ele só voltará à capital federal na segunda-feira de manhã, quando deverá decidir sobre o assunto. A reunião com Bolsonaro está marcada para a parte da tarde.

Fux e Fachin recusaram convite

Além dos representantes estrangeiros, os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral não irão ao encontro organizado pelo presidente Jair Bolsonaro com embaixadores de países estrangeiros no Brasil, nesta segunda-feira, dia 18. No encontro, o presidente da República apresentará aos estrangeiros a tese nunca comprovada de fraude nas urnas eletrônicas. Em ofício enviado ao Palácio do Planalto, o presidente do TSE, o ministro Edson Fachin, disse que o "dever de imparcialidade" o impede de ir à reunião. Já o presidente do STF, Luiz Fux, estará fora de Brasília e só retorna à capital na terça-feira.

Na conversa com jornalistas, Bolsonaro voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ao comentar a ordem do magistrado para que ele se manifestasse em ação que o acusa de discurso de ódio e incitação à violência, o presidente disse que o magistrado "quer provocar, não quer diálogo".

"Parece que o espírito de Fidel Castro encarnou em alguém aqui no Brasil. Um magistrado não pode vir com ameaça, tem que agir conforme os autos. Ele quer intimidar quem? O que está buscando? A paz, a tranquilidade, a harmonia entre os Poderes?", declarou.