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Cármen após ser interrompida várias vezes por ministros no STF: 'Faço valer meu direito de falar'

1º.jul.2022 - A ministra Cármen Lúcia durante sessão de encerramento do semestre - Rosinei Coutinho/SCO/STF
1º.jul.2022 - A ministra Cármen Lúcia durante sessão de encerramento do semestre Imagem: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Rayssa Motta

Em São Paulo

10/08/2022 18h45Atualizada em 10/08/2022 22h26

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), experimentou nesta quarta-feira (8) um exemplo prático do chamado "manterrupting". A expressão emprestada do inglês é resultado da união das palavras man (homem) e interrupting (interrompendo) e foi criada para ilustrar situações em que um homem não deixar a mulher falar.

Cármen Lúcia tentava pautar um processo que não estava previsto na pauta de julgamentos quando, antes mesmo de conseguir concluir a apresentação da questão de ordem, foi interrompida diversas vezes pelos colegas Luiz Fux, Kassio Nunes Marques, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Ela passou mais de vinte minutos até conseguir tomar a palavra para fazer a leitura do voto e do relatório.

A situação foi percebida pela também ministra Rosa Weber. Elas são as duas únicas mulheres na composição atual do STF. "Eu não posso me furtar ao registro de que finalmente eu consegui o que eu tanto queria, que era ouvir o voto da eminente relatora na questão de ordem", disse Rosa após sair em defesa da colega e insistir em ouvi-la.

Ao final da sessão, Fux tentou se justificar e disse que não teve a intenção de interromper a colega, apenas de "mediar" a sessão.

"A minha proposição inicial se deu pelo fato de ter prévio conhecimento da leitura do voto de Vossa Excelência. Jamais foi minha intenção suprimir a sua palavra", disse o presidente do STF. "Na qualidade de presidente, tentei mediar", acrescentou.

Em resposta, Cármen Lúcia contemporizou a situação: "Nem se preocupe. Mesmo que suprimam, eu faço valer o meu direito de falar e de votar. Nós mulheres não temos cerimônia."