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Empresários doam R$ 5,8 milhões para candidaturas de direita

O presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos maiores pilares da direita no Brasil - REUTERS
O presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos maiores pilares da direita no Brasil Imagem: REUTERS

Weslley Galzo

Brasília

19/08/2022 15h31

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou nesta sexta-feira, 19, a primeira parcial de doadores de campanhas. Já no início da disputa grandes empresários aparecem destinando R$ 5,8 milhões principalmente para candidaturas de direita e centro-direita. A maior doação, até agora, é do ex-secretário de desestatização do governo Jair Bolsonaro (PL) e dono da empresa locação de carros Localiza, Salim Mattar. Ele destinou R$ 2,75 milhões para doações, dos quais a maior parte foi direcionada aos candidatos do partido Novo.

Mattar deixou sua Secretaria vinculada ao Ministério da Economia, chefiado por seu aliado Paulo Guedes, sob acusações de que o governo abandonou a agenda de privatização em busca da reeleição de Bolsonaro. Agora distante do Executivo, o empresário doou para apenas um candidato do PL, partido pelo qual o presidente disputa a reeleição. O beneficiário foi o candidato a deputado estadual por Minas Gerais Bernardo Bartolomeo Moreira. O restante do montante milionário foi destinado a 14 candidatos do Novo, um do Podemos e um do União Brasil.

Sete candidatos estão entre os principais beneficiários, todos do Novo, com o recebimento de R$ 250 mil cada. Figuram na lista nomes já conhecidos do campo liberal como o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) e o vereador paulistano Fernando Holiday (Novo-SP), mas também despontam nomes como Marina Helena Cunha Pereira Santos, que chegou a ser registrada como candidata à vice-prefeita de São Paulo na chapa de Felipe Sabará pelo Novo. Ela acabou rompendo com o então candidato após desentendimentos entre ele e a direção do partido.

O segundo maior doador, segundo a primeira parcial do TSE, é o empresário Heitor Linden, que destinou R$ 2 milhões a uma única candidatura: a de Roberto Argenta (PSC), que concorre ao governo do Rio Grande do Sul. Argenta recebeu outros R$ 1,1 milhão do empresário Alexandre Grendene Bartelle, que assim como Linden atua no ramo de calçados. Apesar dos recursos milionários, Argenta figura com apenas 2% das intenções de votos na pesquisa Ipec mais recente realizada no Estado.

Completa a lista dos maiores doadores o também empresário e agropecuarista Emival Ramos Caiado Filho, que destinou R$ 600 mil para três candidatos do União Brasil. Apesar de ter raízes em Goiás - e ser primo do governador do Estado, Ronaldo Caido (UB) - Emival optou por investir em campanhas de candidatos pernambucanos. Foram agraciados os candidatos a deputado estadual Antonio de Souza Leão Coelho, a deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho - filho do ex-líder do governo Bolsonaro no Senado, que tem o mesmo nome -, e o candidato a governador Miguel de Souza Leão Coelho, que levou R$ 250 mil para abastecer a campanha.

No top cinco de maiores doadores aparece o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que destinou R$ 760 mil a doze candidaturas. O economista repassou R$ 200 mil ao candidato a governador do Rio de Janeiro Marcelo Freixo (PSB). Fraga é historicamente ligado a setores mais liberais, tendo sido indicado BC durante a presidência de Fernando Henrique Cardoso. Já Freixo é um candidato mais associado à esquerda. Além de Freixo, foram beneficiados pelas doações de Fraga cinco deputados do PSD, dois do União Brasil, outros dois do PSB, um do Novo e um do Cidadania.

Na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), o principal doador até o momento foi o agropecuarista Ronaldo Venceslau Rodrigues da Cunha. A reforma eleitoral de 2015 proibiu o financiamento de campanhas por empresas privadas. Agora, somente pessoas físicas podem doar para os candidatos de sua preferência. Desde então, o principal meio de financiar as candidaturas se tornou o Fundo Eleitoral, que superou os R$ 4 bilhões nas eleições deste ano.