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Lula paga mais anúncios que Bolsonaro no Google; valor chega a R$ 1,5 mi

Lula e Bolsonaro, candidatos à Presidência da República - Ricardo Stuckert e REUTERS
Lula e Bolsonaro, candidatos à Presidência da República Imagem: Ricardo Stuckert e REUTERS

Natália Santos e Levy Teles

31/08/2022 08h02

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o candidato ao Palácio do Planalto que, até a terça-feira, 30, investiu o maior volume de recursos em anúncios políticos no Google desde o início oficial da campanha, em 16 de agosto. O candidato petista gastou R$ 1,55 milhão em 232 peças de publicidade nos formatos de vídeo e texto. Principal plataforma de audiovisual online no País, o YouTube recebeu R$ 1,3 milhão do montante total.

O PT tem investido no ambiente virtual para dialogar com o segmento evangélico, atrair o eleitor jovem, impulsionar a versão de Lula sobre os casos de corrupção na Petrobras e reduzir a dianteira do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), nas plataformas digitais. Durante a pré-campanha, o petista não havia feito anúncio, diferentemente de Bolsonaro e de Ciro Gomes (PDT), por exemplo. Procurada, a campanha de Lula não respondeu.

Ao longo de 2022, Bolsonaro investiu R$ 846 mil em 23 anúncios. Deste total, R$ 797 mil foram usados em julho, na semana da convenção do PL, quando o presidente foi lançado pela legenda à reeleição, e outros R$ 44,5 mil com anúncios durante a campanha. Simone Tebet (MDB) investiu R$ 318 mil em 21 anúncios feitos já na campanha oficial. Ciro gastou R$ 196 mil em 2022, dos quais R$ 71 mil foram focados em 25 publicidades feitas depois do dia 16.

A investida petista tem gerado resultado, segundo Marcelo Alves, professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio. De acordo com levantamento do Observatório das Eleições, do qual Alves faz parte, os vídeos de Lula registraram aproximadamente 78 milhões de impressões, métrica usada para mostrar quantos internautas viram os conteúdos divulgados, até o dia 25 de agosto, dado mais recente. Um usuário pode assistir ao vídeo mais de uma vez.

Um dos vídeos, dizendo que Lula não vai fechar igrejas, tem mais de 5 milhões de visualizações. "É algo sem precedente no perfil dele na rede", afirmou Alves. "É uma estratégia nova, com uma tensão digital que a gente não tinha visto até então, com capacidade não de virar o jogo, mas nivelar o alcance (em comparação a Bolsonaro)", disse.

Edição

A entrevista de Lula ao Jornal Nacional, da TV Globo, na quinta-feira passada, foi editada e rendeu anúncios. No vídeo, o apresentador William Bonner aparece dizendo que o ex-presidente "não deve nada para a Justiça". O anúncio, então, corta para o candidato defendendo, caso seja eleito, a investigação de quem cometer crimes. Na versão original, no entanto, Bonner relembra que houve corrupção na Petrobras e pergunta como Lula pretende convencer os eleitores de que os escândalos não vão se repetir.

"Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram (os crimes)", diz o petista em trecho omitido no anúncio. O recorte foi exibido em todos os Estados e no Distrito Federal entre 27 e 28 de agosto, com custo entre R$ 40,5 mil e R$ 46,5 mil para a campanha.

Segmentação

A campanha de Lula também produziu anúncios publicitários segmentados, direcionados para o público feminino, em que cita leis de proteção à mulher, por exemplo. Os moradores de Estados nordestinos receberam um conteúdo específico sobre a transposição do Rio São Francisco. Denominado de "a verdade", o anúncio afirma que o ex-presidente petista fez a maior parte das obras e que Bolsonaro "quer levar a fama" sobre o projeto.