Reforma do ensino médio divide opiniões; Lula e Camilo Santana se reúnem nesta terça
"O novo ensino médio deveria estar acima de diferenças ideológicas. Mesmo com difícil implementação, não faz sentido retroceder à estaca zero. O esforço para oferecer uma escola mais atrativa para os alunos e conectada com as suas expectativas de vida e carreira deve ser permanente", escreveu Huck. Na manhã desta terça-feira, 4, a postagem já tinha mais de 4,1 milhões de visualizações e ao menos 6,3 mil comentários.
Entre outros opositores da revogação, está o Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed). Os gestores argumentam que a reforma precisa de ajustes, mas uma reversão completa seria um desperdício do trabalho que foi realizado nos últimos anos e já está em curso. A decisão do governo federal de mudar o cronograma ainda não foi oficializada em portaria. Nesta terça-feira, Lula se reúne com o ministro da Educação, Camilo Santana.
Já Felipe Neto fez crítica incisiva à reforma. "O novo ensino médio não deve ser suspenso, deve ser revogado. O projeto, que é uma desgraça, não foi criado para agradar aos educadores ou aos alunos", escreveu nas redes sociais.
O que é a reforma do ensino médio?
É uma mudança no formato do ensino médio (1º, 2º e 3º anos), aprovada em 2017. Cerca de 60% da carga horária passa a ser de conteúdos obrigatórios comum a todos, como Português, Matemática e Química. O restante (40%) é a parte flexível, com percursos optativos segundo o interesse do aluno ou uma formação técnica. O jovem pode, por exemplo, fazer curso técnico em Eletrônica ou aprofundamento de estudos em Linguagens durante o ensino médio, além da carga obrigatória.
Por que foi feita a mudança?
O argumento era de que o modelo anterior (com 13 disciplinas obrigatórias) era engessado e desinteressante ao jovem. No ensino médio, 90% dos concluintes saem sem saber o que se espera em Matemática e 60%, em Português. Além disso, há altos índices de abandono e a abertura da carga flexível serve ainda como oportunidade de abrir espaço para a formação técnica, muito valorizada, por exemplo, em países europeus.
Qual o cronograma da reforma?
A previsão era de que a mudança deveria ser implementada nas escolas a partir de 2022. Significa que, em 2023, há turmas do novo ensino médio no 1º e no 2º ano. Mas havia a possibilidade de iniciar a transição antes. Alguns Estados, como São Paulo, iniciaram a oferta de percursos optativos em 2021.
Quem pede a revogação da reforma?
Parlamentares de esquerda (alguns do próprio PT), sindicatos docentes, entidades estudantis e parte das organizações educacionais, como a Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Carta aberta assinada por mais de 300 entidades, de março, pede a revogação. Eles argumentam que não seria voltar ao modelo antigo, mas rediscutir a mudança mais democraticamente.
E quem é contrário à revogação da reforma?
Outra parcela das entidades educacionais e dos pesquisadores é contrária à revogação, sob argumento de que o processo exigiu grande esforço e também obteve bons resultados. Nota do Todos pela Educação diz que a reforma "aponta para o caminho certo, mas precisa de ajustes para prosperar com mais qualidade e equidade". O Conselho Nacional dos Secretários da Educação (Consed) também defende manter a reforma e trabalhar no sentido de fazer ajustes.
O governo Lula é favorável à revogação?
Lula e o ministro Camilo Santana já disseram que a reforma do ensino médio passaria por ajustes e defenderam a necessidade de debater o tema com professores, alunos, famílias e pesquisadores. Não se posicionaram, entretanto, abertamente favoráveis a uma revogação, que envolveria custos, desgaste com os secretários (que já investiram esforço e recursos na reformulação) e negociação política com o Congresso, para aprovar uma revogação completa.
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