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'Podem ir para escola. Aumentamos batalhões e rondas', diz governador do Rio

Pais e alunos têm manifestado preocupação, mas especialistas alertam sobre o fato de grande parte das mensagens serem falsas. - WALLACE SILVA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Pais e alunos têm manifestado preocupação, mas especialistas alertam sobre o fato de grande parte das mensagens serem falsas. Imagem: WALLACE SILVA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Renata Cafardo

14/04/2023 13h16

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), afirmou nesta sexta-feira, 14, que os estudantes não devem deixar de ir às aulas, diante das supostas ameaças de ataques que surgiram nas redes sociais após atentados em São Paulo e em Blumenau (SC). "Podem ir para escola", afirmou. "A gente aumentou os batalhões e as rondas. A vida tem de continuar. O medo é o que alimenta essas pessoas que querem fazer boataria", completou.

Pais e alunos têm manifestado a preocupação nos últimos dias, mas especialistas alertam sobre o fato de grande parte das mensagens serem falsas.

A Polícia Civil do Rio instaurou inquérito para monitorar ameaças em aplicativos e redes sociais e, segundo o governador, já houve prisões. Castro não quis detalhar detalhes da operação.

Questionado sobre se o Rio teria policiais nas escolas, ele disse que aguarda definições do grupo de trabalho que inclui as pastas da Segurança e da Educação para novas medidas. Estados como São Paulo e Santa Catarina já anunciaram planos de colocar policiais nos colégios.

Castro participou de um evento sobre aprendizagem no Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio. A preocupação atual com a violência nas escolas também foi comentada por outros gestores da educação presentes.

Presidente do conselho de secretários estaduais da Educação, (Consed), Vitor de Ângelo afirmou que o debate atual está muito parecido com o que acontecia mas escolas durante a pandemia, quando as pessoas queriam garantias de que não seriam infectadas ao comparecer às aulas."

A gente respondia: é a mesma segurança que você tem de que vai sair na rua e de que nada vai acontecer. O papel do Estado é mitigar esse risco ao menor possível com polícia, controle de acesso à escola e trabalho pedagógico", afirmou ele, que é secretário no Espírito Santo. "A dificuldade é que isso não basta num cenário em que o medo está generalizado. As pessoas querem 100% de certeza."

Para ele, seguranças armados não são a solução. "Esse problema é multicausal e, portanto, ele não é só da educação ou só da segurança pública. Pelas evidências que temos, não é militarizando a escola (que vamos encontrar solução)", afirmou. Estados como Santa Catarina e São Paulo anunciaram planos de ter policiais armados dentro das escolas após a onda de ameaças.

De Angelo participou nesta quinta-feira, 13, de reunião no Ministério da Educação com outros secretários estaduais e municipais sobre violência nas escolas.

Segundo o MEC, serão divulgadas na semana que vem recomendações às escolas brasileiras, que devem incluir formação virtual dos diretores e professores e suporte às redes para contratar equipes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também deve se reunir na semana que vem com representantes dos três poderes sobre o assunto.

Para Luiz Cury, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), que também estava no evento da FGV, os ataques e as ameaças precisam fazer com que cresça uma mobilização na sociedade de defesa da escola. "Não há espaço mais relevante para a consolidação da estrutura social do que a escola. Esse momento mostra mais ainda essa dimensão", afirmou.

Para o secretário municipal do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, o momento "não é trivial" e pode ser considerado "uma ameaça à escola".

"A escola é uma instituição tão forte que vai sair dessa situação em que está hoje", afirmou Henrique Paim, ex-ministro da Educação e diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da FGV.