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Kit de joias recebido por Bolsonaro foi oferecido em leilão nos EUA por US$ 120 mil

Kit de joias que auxiliares de Bolsonaro mandaram para leilão Imagem: Reprodução

Em São Paulo

11/08/2023 17h02Atualizada em 11/08/2023 17h13

Um anúncio online em um site americano especializado no leilão de objetos de luxo, de um conjunto composto por relógio, abotoaduras, anel, caneta e um rosário árabe (masbaha) em ouro rosé e cravejados de diamantes, da marca suíça Chopard, anunciados por US$ 120 mil, colocam o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro das suspeitas de um suposto esquema de venda de presentes oficiais.

A Polícia Federal (PF) cruzou dados do anúncio com o número de série do relógio e descobriu que o dono das joias é o ex-presidente.

O modelo suíço, conhecido como L.U.C. Tourbillon Qualité Fleurier Fairmined, teve apenas 25 unidades produzidas em todo o mundo.

O kit foi recebido pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, após viagem à Arábia Saudita, em outubro de 2021.

Os investigadores já sabiam que as joias haviam entrado ilegalmente no Brasil, na mesma viagem em que um primeiro kit de joias foi retido pela Receita Federal no aeroporto de Congonhas.

A PF então se esforçou para reconstituir o trajeto dos itens. Os investigadores acreditam que as joias tenham sido levadas aos Estados Unidos no avião oficial da presidência, em dezembro de 2022, e colocadas à venda em fevereiro de 2023.

Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que Mauro Cid procurou lojas em Miami e em Nova Iorque para tentar vender presentes oficiais. A empresa Fortuna Auctions foi escolhida para intermediar o negócio.

Quando o kit de ouro rosé já estava anunciado, o Estadão revelou a existência das joias retidas pela Receita Federal.

Como os itens não foram arrematados, Mauro Cid começou uma operação para resgatá-los. A PF afirma que eles foram devolvidos a Bolsonaro em Orlando.

Em março, Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que as joias sauditas fossem devolvidas ao acervo da União, o que foi cumprido.

Conversas entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, revelam que, mesmo após reaver as joias, o tenente-coronel tentava articular uma forma de colocá-las novamente à venda.

"Eu já mandei voltar (o kit)", afirma Cid. "Só dá pena porque estamos falando de 120 mil dólares".

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