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Moro é aconselhado a não declarar voto em Dino e promete ficar em silêncio

Mensagem no celular do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) durante sessão no plenário do Senado, em Brasília, na quarta-feira, 13 de dezembro de 2023 Imagem: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Agência Estadão, Brasília

14/12/2023 08h56

Após aparecer aos risos e abraçado com o ministro da Justiça, Flávio Dino, durante a sabatina na CCJ (comissão de Constituição e Justiça) do Senado, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) foi alertado por um aliado em conversa de WhatsApp a não expor seu voto. Parlamentar da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Moro ficaria exposto se tornasse público um eventual apoio a Dino para a vaga de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

O Estadão registrou a mensagem no celular de Moro durante a sessão no plenário do Senado. Ele conversava com uma pessoa próxima identificada apenas como "Mestrão". O contato ainda disse ao senador que o "coro está comendo" nas redes sociais. Imagens do senador oposicionista abraçado e aos risos com Dino circularam na internet ontem.

Feito o alerta, Mestrão tentou tranquilizar o senador: "Fica frio que ja ja [sic] passa". Na sequência, porém, ele orientou novamente o parlamentar: "Não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando".

Na troca de mensagens com Mestrão, Moro respondeu: "Blz (beleza) [sic]". Vou manter meu voto secreto, eh [sic] um instrumento de proteção contra retaliação''.

O senador não quis declarar o voto no levantamento feito pelo Estadão com todos os parlamentares e chegou a ironizar, durante a sabatina na CCJ, a repercussão negativa das fotos em que aparece aos risos com Dino. Na votação no plenário do Senado, a indicação de Dino para o STF teve 47 votos a favor e 31 contra.

13.dez.2023 - Sergio Moro cumprimenta Flávio Dino durante sabatina no Senado para indicação ao STF Imagem: Gabriela Biló/Folhapress

Antes da conversa tomar o tom de alerta, Mestrão havia informado a Moro que o advogado do PT no processo em que o partido pede cassação de Moro é sócio do "DG (Diretor Geral) da Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), braço direito do (Ademar) Traiano (presidente da Alep)". O deputado estadual Traiano enfrenta uma série de denúncias de corrupção feitas pelo deputado Renato Freitas (PT-PR).

Procurado, Moro informou, por intermédio da assessoria, que a pessoa com quem conversou pelo celular "sem ter informação do voto do senador fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino. Em resposta, o senador disse que iria manter o sigilo do voto, que é um instrumento de proteção contra retaliação". Moro não revelou quem é "Mestrão".

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