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Suplente de Chiquinho Brazão é sobrinho de bicheiro e já defendeu polícia do RJ na Câmara

Chiquinho Brazão foi preso pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes Imagem: Reprodução

Brasília

25/03/2024 15h24Atualizada em 25/03/2024 15h52

Caso tenha o mandato de deputado federal cassado, Chiquinho Brazão (União-RJ) será substituído pelo sobrinho do bicheiro Aniz Abraão David (conhecido como Anísio), Ricardo Abrão (União-RJ). Ricardo, filho do ex-prefeito de Nilópolis (RJ) Farid Abraão, é ex-presidente e Anísio é presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. Ricardo já tinha assumido a função como parlamentar durante boa parte de 2023.

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Ele ocupou o cargo logo no começo do novo ano legislativo, numa primeira parte, entre fevereiro e outubro, enquanto Daniela Carneiro assumiu a chefia do ministério do Turismo, e entre novembro de 2023 até fevereiro de 2024, enquanto Brazão foi secretário de Ação Comunitária no Rio, durante a gestão do prefeito Eduardo Paes. No plenário da Casa, já pediu para não incriminarem a polícia do Rio de Janeiro.

Chiquinho Brazão foi preso preventivamente na manhã deste último domingo, 24, pela suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

Quando discursou pela primeira vez como deputado federal, Ricardo disse que daria continuidade ao trabalho do pai, Farid Abraão, irmão de Anísio e ex-prefeito de Nilópolis em três mandatos, e Simão Sessim, tio de Ricardo, que foi deputado federal por dez mandatos consecutivos.

Ricardo também foi em outro momento ao plenário da Câmara protestar contra o assassinato de três médicos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Uma das vítimas fatais foi Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Ricardo disse que há uma "guerra civil" na sociedade, além de fazer um apelo para não "incriminar policiais" durante operações.

"Há uma guerra civil diária, e a população fica aflita", afirmou. "Nós temos que dar mérito ao policial que ainda tem coragem de combater o crime organizado do jeito que está, fortemente armado, porque a polícia, muitas vezes, não tem a condição que eles têm de enfrentamento."

Ele prosseguiu na defesa da classe policial. "Eu também quero aqui ressaltar o valor de cada policial e fazer um apelo a esta Casa para que pare de querer incriminar o policial nas suas ações. O único direito que nós temos ainda é de pedir ao policial que garanta o nosso direito de ir e vir como cidadão", disse.

Anísio, seu tio contraventor, já foi preso quatro vezes num espaço de cinco anos: em 2007, como resultado da Operação Furacão, da Polícia Federal, por suspeita de participação na máfia dos caça-níqueis; em 2008, durante a Operação 1357, que investigava a exploração de máquinas caça-níquel e lavagem de dinheiro; duas vezes, em 2012, por crimes ligados à contravenção.

Ele foi solto nessas oportunidades ou por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) ou por decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em 2012, Anísio foi condenado por formação de quadrilha e recorre em liberdade.

Por ordem do STF, a Polícia Federal deflagrou no domingo a Operação Murder Inc, que prendeu de forma preventiva Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime.

Quem autorizou a operação foi o ministro Alexandre de Moraes, integrante da Corte, que assumiu recentemente o caso Marielle.

O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos, e o advogado Alexandre Dumans, que representa Barbosa, negam a participação deles no assassinato da vereadora. A defesa de Chiquinho Brazão foi procurada neste domingo, mas não se manifestou. No último dia 20, em nota, ele se disse "surpreendido por especulações que buscam lhe envolver no crime".

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