Zema recusa encontro com Lula em MG e mantém relação distanciada
São Paulo
27/06/2024 13h04
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) recusou convite para participar de evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Estado. A assessoria do governador informou ao Estadão que os convites foram feitos "em cima da hora" e, portanto, não foi possível alterar compromissos pré-marcados de Zema.
Lula embarca para a capital mineira, Belo Horizonte, na tarde desta quinta-feira, 27, e deve cumprir agenda em Contagem (MG) no mesmo dia, para anunciar investimentos do governo federal na região. Na sexta-feira, 28, Lula tem eventos marcados em Juiz de Fora e na capital, onde também participa de cerimônias sobre transferência de recursos federais.
Tanto Contagem como Juiz de Fora possuem prefeitas petistas - Marília Campos e Margarida Salomão - que devem concorrer à reeleição no pleito municipal de outubro. Segundo a legislação eleitoral, pré-candidatos não podem inaugurar obras públicas após 6 de julho, data que marca três meses antes do pleito.
Na segunda-feira, 24, Zema afirmou que não foi avisado pelo governo federal da viagem do presidente ao Estado. A assessoria do governador informou nesta quinta que os convites foram enviados na terça-feira para agenda em Contagem, e na quarta-feira para agenda de Belo Horizonte. O vice-governador, Professor Mateus Simões (Novo), representará o governo durante os eventos.
Simões, que tem sido escalado para representar o governador em eventos e que dividirá o palco com Lula, criticou o governo federal no início do mês, durante participação em evento do agronegócio, quando afirmou que o governo está "errando" com os produtores rurais de todos os estados, ao falar sobre a política econômica federal sobre as exportações. A informação é do jornal Correio Braziliense.
Um dos possíveis herdeiros do espólio político de Jair Bolsonaro (PL), Zema declara publicamente a vontade de se lançar candidato à Presidência em 2026, seja como cabeça de capa ou vice.
Em fevereiro, Lula e ele dividiram palanque em um evento em Belo Horizonte. Na ocasião, o presidente declarou que quer manter uma "relação civilizada" com Zema, mesmo que ele faça oposição a seu governo. "Eu nunca vou pedir para um governador ou prefeito gostar mais ou gostar menos de mim. O que eu quero é que a gente construa no país uma relação civilizada", discursou Lula na ocasião.
No mesmo mês, após o encontro, Zema pediu uma reunião com o presidente para discutir a repactuação do acordo de Mariana (MG), onde uma barragem se rompeu em 2015, e a proposta de acordo para a renegociação da dívida do Estado com a União. A solicitação já havia sido feita em janeiro.
Os atritos entre o governador e o governo federal também foram engrossados por discussões entre Zema e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Em entrevista ao Estadão, Zema havia acusado o auxiliar de Lula de estar mal informado sobre o Estado e de não ir lá há "dez anos ou mais". Padilha reagiu, afirmando que esteve em Minas no ano passado e que, na ocasião, não foi recebido pelo gestor mineiro.