'Filhes teus não fogem à luta': Boulos apaga vídeo de Hino Nacional com linguagem neutra
Brasília
27/08/2024 18h20
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), candidato à Prefeitura de São Paulo, apagou o vídeo em que aparecia com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cantando o Hino Nacional. Em um comício do psolista no último sábado (24), a intérprete cantou em linguagem neutra: "Verás que es filhes teus não fogem à luta", em vez de "os filhos", conforme a versão tradicional.
O evento ocorreu na capital paulista e foi transmitido no canal de YouTube do candidato. Em outro trecho, a cantora Yurungai entoou "des files deste solo és mãe gentil", em vez de "dos filhos deste solo és mãe gentil". O vídeo foi tirado do ar na manhã desta terça-feira, 27, após a repercussão negativa nas redes sociais.
A linguagem neutra é uma proposta de inclusão de pronomes e flexões nominais com gênero neutro no idioma português, com o objetivo de evitar a exclusão de pessoas com base na identidade de gênero, sexualidade ou outros aspectos de identidade.
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Os defensores da linguagem neutra argumentam que os dois pronomes definidos de gênero presentes na língua portuguesa - "o" e "a", para homens e mulheres, respectivamente -, não atendem a todas as pessoas falantes do idioma. Por isso, propõe a utilização da terminação "e" para palavras ambivalentes ou sem gênero intrínseco, além da inclusão da vogal como pronome definido de gênero neutro.
Também defendem que a flexão masculina do plural, com "filhos", não serve para generalizar pessoas masculinas, femininas e de outros gêneros. Mas, somente, masculinas, o que levaria a necessidade do sufixo "e" para incluir todos os indivíduos a despeito de como se identificam.
Políticos contrários à ideia se manifestaram nas redes sociais. A economista Marina Helena (Novo), também candidata à Prefeitura de São Paulo, republicou o vídeo com trechos da apresentação do hino em que se usa o termo "filhes". "Essa é a extrema esquerda lulista que quer assumir a Prefeitura de São Paulo: lacração, desrespeito e destruição de nossos símbolos nacionais mais sagrados", escreveu.
O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que tentou concorrer ao cargo de prefeito da capital paulista, também criticou a alteração na letra. "Cantar o hino nacional dessa forma não é só vergonhoso. É crime, mas a esquerda não se importa nem de passar vergonha e nem de desrespeitar as leis brasileiras em nome da sua ideologia", afirmou, em seu perfil no X (antigo Twitter).
Segundo a Lei nº 5.700 de 1971, "em qualquer hipótese, o hino nacional deverá ser executado integralmente e todos os presentes devem tomar atitude de respeito". A norma determina que não haja alterações na letra ou na melodia do hino nem a "execução de quaisquer arranjos vocais do hino nacional", sob pena de multa.
O ex-ministro da Cultura e deputado federal Mário Frias (PL-SP) disse, na mesma rede social, que a modificação "não é apenas uma mudança de palavras - trata-se de um desrespeito aos símbolos nacionais, à nossa cultura e à nossa língua".
"Nas imagens, Lula aparece ao lado do psolista quando a canção é distorcida, e o trecho 'dos filhos deste solo' é alterado para 'des filhes deste solo'", disse a deputada Carla Zambelli (PL-SP).