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O que se sabe sobre a promessa de Marçal e as doações para Camizungo, em Angola

São Paulo

04/10/2024 10h19

No último debate da corrida eleitoral pela Prefeitura de São Paulo, promovido pela TV Globo na noite desta quinta-feira, 3, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) questionou o eleitor sobre como acreditar que o influenciador Pablo Marçal (PRTB) fará "algo de concreto" em São Paulo, já que não entregou 300 casas que prometeu erguer no povoado de Camizungo, em Angola.

"O candidato Pablo Marçal, em 2019, foi em Camizungo, lá na África, numa vila em que faria 300 casas, recolheu em doações R$ 4,5 milhões, investiu R$ 1,5 milhão. Isso é o que está em matérias, colocado pela imprensa. Só fez 26 casas", afirmou o emedebista.

O ex-coach falou sobre o projeto em diversas ocasiões durante a campanha eleitoral, geralmente relacionadas a sua intenção de "desfavelizar" a capital paulistana, caso seja eleito. Marçal lançou um documentário relatando a "missão" na África, em que aparece, entre outras cenas, dando água em uma garrafa plástica na boca de crianças, e discursando para a população local, prometendo prosperidade e afirmando que a oração que os moradores fizeram para Deus "será respondida".

Nunes se referiu a reportagens que foram publicadas pela imprensa após apurações em Angola, constatando que, das 300 casas às quais o ex-coach prometeu construir para a população do vilarejo, apenas 42 foram integralmente entregues.

Segundo apurações de O Globo, Marçal começou a participar do projeto "Comunidade Sustentável de Camizungo" em 2019, integrando a ONG cristã Atos, do pastor brasileiro Itamar de Almeida Vieira, que vive na região africana desde 2009. Como consta na reportagem, Marçal promoveu leilões online para arrecadar doações, que seriam empregadas na construção de moradias, com tijolos ecológicos fabricados no próprio local.

Dos valores arrecadados, no entanto, apenas uma parte chegou ao destino. Segundo a reportagem, R$ 1,1 milhão foram empregados na construção de 26 habitações em 2019 - R$ 400 mil a menos do que a quantia arrecadada no leilão eletrônico. A justificativa teria sido a de que muitos doadores não pagaram pelos bens que arremataram.

Um segundo leilão, em 2023, teria arrecadado mais R$ 2,7 milhões, mas apenas R$ 500 mil chegaram ao vilarejo próximo a Luanda. A explicação seria a de que bens doados e leiloados ainda não tinham sido vendidos, mas que há a expectativa que parte do dinheiro chegue à comunidade esse ano.

"Se não conseguiu fazer lá na África, e até pode ter tido a boa intenção de fazer, não estou tirando esse mérito, para ser muito justo e muito correto. Mas se não conseguiu fazer 300 casas com as doações que recebeu lá na África, como é que vai colocar algo de concreto aqui na nossa cidade?", questionou o atual prefeito, se dirigindo ao eleitor.

Segundo a reportagem, Marçal não é o único que integra o projeto. A localidade também recebe doações e é destino de ações sociais de outros estrangeiros, que participam de programas como o que apadrinha crianças e tem como um de seus voluntários o jogador Felipe Anderson, do Palmeiras, que tem 99 "afilhados" no local.

Das 400 famílias que vivem no vilarejo, 358 aguardam a promessa da entrega das casas enquanto vivem em moraDias improvisadas, sem saneamento e energia elétrica. O marketing sobre as doações também teria atraído mais pessoas de outras localidades para a região, na esperança de serem contempladas com moradias, o que tem causado problemas de infraestrutura no local.

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