Preferida de Wilson Lima perde em Parintins mesmo com apoio de 'estruturas' do governo do AM
São Paulo
07/10/2024 16h16
Pivô de uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Amazonas, a candidata à prefeitura de Parintins Brenda Dianná (União Brasil) saiu derrotada nas eleições, ainda que com o apoio do governador Wilson Lima (União Brasil). O vereador Mateus Assayag (PSD) foi eleito prefeito da "Ilha da Magia".
O Estadão busca contato com Dianná. O espaço está aberto. Nas redes sociais, Dianná agradeceu os mais de 25 mil votos que recebeu. "A luta continua", escreveu.
Na semana do primeiro turno, o nome de Dianná acabou envolvido em investigações que tiveram início com a divulgação de vídeos em que a cúpula do governo do Amazonas se reúne para supostamente definir estratégias a favor da candidata de Wilson Lima à prefeitura de Parintins. A gravação levou o governador a exonerar seus secretários e chefes da Polícia Militar.
Como mostrou o Estadão, um vídeo mostra o então diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), Armando Silva do Valle afirmado que "em uma campanha, só não vale perder". "Uma campanha de prefeito ele (Wilson Lima) tem que pegar todo o pessoal da Cicom e trabalhar, como ele fez pra governador", disse, referindo-se à Companhia Interativa Comunitária da Polícia Militar.
As suspeitas levaram a PF a Parintins na Operação Tupinambarana Liberta, que vasculhou cinco endereços para desbaratar uma quadrilha de faccionados e agentes públicos supostamente envolvidos com crimes eleitorais em prol da campanha de Brenda Dianná.
A PF aponta uso de estruturas de Estado, como a Polícia Militar, para benefício da candidata apoiada pelo governador.
Foram alvo da ofensiva o ex-secretário da Cultura do Amazonas Marcos Apolo, o ex-secretário de Administração Fabrício Barbosa, o ex-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas Armando do Valle, o ex-chefe de Rondas Ostensivas (grupo de elite da PM) Jackson Ribeiro e o ex-chefe do Setor de Inteligência da Rocam Guilherme Navarro.
A corporação deu ênfase aos vídeos que mostram autoridades públicas "articulando para influenciar diretamente nas eleições da cidade de Parintins, mediante diversas condutas escusas e formas ilegais de atuação".
A Justiça Eleitoral proibiu os investigados de acessarem Parintins em meio a uma atmosfera política marcada pela tensão. O caso levou a PF a ampliar seu efetivo na cidade com cerca de 100 mil habitantes localizada a 370 quilômetros de Manaus.
O inquérito apura supostas ameaças de líderes comunitários ligados a uma facção do tráfico de drogas, proibindo o acesso de candidatos à prefeitura a certos bairros. A PF diz ter encontrado indícios de possível 'inércia' de agentes públicos para coibir as ameaças.
"As ações coordenadas do grupo criminoso teriam promovido a espionagem de pessoas ligadas a um grupo político do município e também monitorado o deslocamento de policiais federais com a finalidade de frustrar a atuação da Polícia Federal", indica a PF.