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Ministério público do RS deflagra operação contra produção fraudulenta de leite

11/12/2024 11h51

São Paulo, 11 - O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deflagrou, nesta quarta-feira, 11, a Operação Leite Compen$ado 13, quase 12 anos depois da primeira fase e pouco mais de sete anos após a 12ª etapa. Segundo o MP-RS, em comunicado, foi identificada a produção de derivados lácteos - leite UHT, composto, leite em pó, soro, entre outros -, em uma indústria no município de Taquara, no Vale do Paranhana, com adição soda cáustica e outros produtos nocivos à saúde, como água oxigenada. Além disso, foram detectados "pelos indefinidos" e pontos de sujeira dentro de embalagens. A Justiça ainda não autorizou a divulgação das marcas.Os promotores Mauro Rockenbach e Alcindo Bastos ressaltaram na nota que os produtos da indústria de Taquara são distribuídos não só para todo Rio Grande do Sul, mas para todo o Brasil e até para a Venezuela. Além disso, a fábrica já venceu e participa de várias licitações em muitas partes do País para fornecimento de laticínios. Recentemente, a empresa foi vencedora de um certame para distribuir produtos derivados do leite para escolas de uma cidade paulista.Em relação às marcas, a Justiça não autorizou, por enquanto, a divulgação. Sobre os lotes, o MP-RS informou que, apesar de análises iniciais terem detectado substâncias nocivas à saúde humana e demais sujeiras ou pelos indefinidos, com o aprimoramento da fórmula, são aguardados exames mais detalhados para determinar exatamente os que estão contaminados.O promotor de Justiça Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, da Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, explicou que a soda cáustica é usada para ajustar o PH do leite e diminuir a sua acidez e, ainda por cima, volatiza ou desaparece rapidamente, não sendo detectada nas análises. "Além de aprimorarem as fórmulas para adulteração, também aprimoraram as práticas criminosas. Eles utilizam alguns códigos - vitamina e receita - para tentar despistar qualquer tentativa de investigação. Vale lembrar que as irregularidades não foram detectadas apenas no leite UHT, mas no leite em pó, em compostos lácteos para fazer bebidas derivadas do produto e no soro de leite. Por exemplo, sobre o composto lácteo, eles chegam a reprocessar o produto vencido para reutilizá-lo novamente. Já a água oxigenada ou peróxido de hidrogênio, serve para matar micro-organismos e recuperar produto em deterioração. Isso, sem falar da soda cáustica, que pode conter metais pesados, alguns, inclusive, cancerígenos", destacou Alcindo Bastos.Na operação desta quarta-feira, foi preso novamente o químico industrial conhecido entre os fraudadores como o "alquimista" ou o "mago do leite". O "alquimista" já havia sido alvo da quinta fase da operação, em 2014, quando foi descoberta a sua participação na adição de soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada nos produtos de uma indústria em Imigrante, no Vale do Taquari. Agora, depois de ser absolvido de uma condenação de 2005 por fato semelhante e ter sido imposta medida cautelar contra ele pela Justiça em Teutônia, além de estar aguardando há dois anos para colocar tornozeleira eletrônica e ainda há mais tempo pelo desfecho do processo judicial da Leite Compen$ado 5, o "mago do leite" é mais uma vez alvo do MP-RS.O MP-RS comprovou a participação do "alquimista" - que está impedido pela Justiça de trabalhar em laticínios - em um fábrica na cidade de Taquara. Com isso, 110 agentes cumpriram quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em empresas e residências de Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e na Capital paulista. O laticínio, conforme a apuração, contratou o "alquimista" para assessorar na produção. Foram presos o químico, o sócio-proprietário da indústria, em São Paulo, e dois gerentes. A ofensiva teve a parceria do Ministério da Agricultura e Pecuária, Receita Estadual, Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e Delegacia do Consumidor da Polícia Civil (Decon), além do poio da Brigada Militar.Quatro pessoas foram presas em cumprimento de mandado de prisão preventiva, sendo que o diretor administrativo da empresa também foi flagrado com uma arma de fogo, com numeração raspada. Uma funcionária também foi presa, na fábrica, em flagrante, por embaraço de investigação de organizações criminosas por estar avisando outros colegas por mensagem para esconderem celulares.

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