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Canção italiana é tema de livro de Eugenio Marino

29/01/2016 19h25

Por Ana Ferraz SÃO PAULO, 29 JAN (ANSA) - Na semana de seu aniversário, a cidade de São Paulo recebeu um evento dedicado ao lançamento em português do último livro do italiano Eugenio Marino: "Partir Sonhando".   


O evento, que aconteceu na quinta-feira passada (28), na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Fiesp, contou com a presença do próprio autor, que é o responsável nacional do Partido Democrático (PD) pelos italianos no mundo, e de Fausto Longo, senador ítalo-brasileiro na Itália, também pelo PD.   


O livro conta a importância da canção italiana desde o século 18 até os dias atuais para entender os cerca de 150 anos de imigração italiana, uma das mais longas e duras do mundo. Por meio de uma análise minuciosa de diversas músicas, que podem ser ouvidas no livro através de QR Codes, Marino explica como elas foram inspiradas pelo contexto político e econômico de cada época e se tornaram um grande registro histórico que ajuda a entender a Itália do século 20.   


"Eu decidi usar a canção como fundadora histórica porque há uma bagagem enorme de canções que contam cada aspecto da imigração da mesma forma que a historiografia, a literatura e a narrativa o fazem. Decidi usar a canção como fonte histórica para contar uma história, a da imigração, que também consegue falar do país inteiro", explicou o jornalista e escritor em entrevista à ANSA.   


A obra, fruto de um trabalho cansativo, mas gratificante, conta com uma rica seleção de músicas que traduzem cronologicamente o sentimento do emigrado pelas diversas fases da imigração italiana.   


Temas como o sonho de viver na América no começo do século 20, a resistência ao fascismo no período das Grandes Guerras, a influência da música norte-americana depois da Segunda Guerra Mundial e a renovação dos "cantautores", artistas que são ao mesmo tempo cantores e compositores, são abordados em canções de todos os estilos musicais.   


"A canção acompanhou a imigração como acompanha qualquer fenômeno, como acompanha o trabalho, a diversão. Ela é sempre uma trilha sonora e muitas vezes é carregada de melancolia e dor. A importância que ela tem é que ela narra, de maneira complexiva e geral, 150 anos de imigração", afirmou Marino.   


Uma das várias canções presentes no livro é a folclórica e tradicional "Mamma Mia Dammi Cento Lire" ("Mãe Me Dê 100 Liras"). "Esta música é conhecida como uma canção de uma garota que, contra a vontade da mãe, parte para as Américas, sofre com a maldição que sua mãe joga nela, tem o barco onde viajava afundado e morre", diz o político.   


"Mas essa canção fala de algo muito mais amplo, fala da Itália daquele período no qual a menina nasceu e de qual era o contexto político e social daquela Itália. Os vários personagens da música representam as várias posições políticas e sociais daquele tempo", ressaltou.   


Além disso, no evento também foi explicitada a importância da obra para o Brasil e principalmente São Paulo, cidade que, segundo Marino, foi criada por mãos italianas. De acordo com o senador Fausto Longo, o livro dá "aos descendentes de italianos que vivem aqui no nosso país a oportunidade de sentir aquilo que um italiano sente sobre a própria emigração".   


"Ou seja, a obra é um resgate importante que não é mencionado por aqueles italianos que estão aqui e que só relembram através de festas e tradições, que são importantes, mas que não contextualizam o aspecto sociológico, humanístico, político e econômico que está por trás do processo de emigração italiana", disse Longo.   


O parlamentar ainda relembrou a relevância do povo italiano na industrialização de todo o estado de São Paulo, ressaltando que a própria Fiesp foi fundada por um italiano, Francisco Matarazzo. "Este livro também é um resgate da indústria paulista, já que conta a história daqueles que vieram aqui ajudar a construir a riqueza deste estado", finaliza.   


Além de São Paulo, Marino e Longo também divulgarão "Partir Sonhando" em Vitória, no dia 29; Rio de Janeiro, no dia 31; e Brasília, em 2 de fevereiro. (ANSA)
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