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'Sexualidade é presente maravilhoso de Deus', afirma papa

Andrew Medichini/AP
Imagem: Andrew Medichini/AP

Na Cidade do Vaticano

08/04/2016 09h10

Na exortação apostólica 'Amoris laetitia' ("Alegria do amor"), o papa Francisco também falou sobre a "dimensão erótica do amor" e destacou que a sexualidade foi um "presente maravilhoso de Deus".   

"O próprio Deus criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para suas criaturas. De nenhuma maneira podemos achar que a dimensão erótica do amor é um mal permitido ou um peso a ser suportado pelo bem da família, mas sim como um dom de Deus que embeleza o encontro entre esposos", ressalta Francisco.   

Voltando a citar falas do papa João Paulo 2º, o Pontífice afirma que, desde aquele Pontificado, o sexo deve ser visto como algo natural e que é "algo que se conquista".   

"Àqueles que temem que com a educação das paixões e da sexualidade prejudique-se a espontaneidade do amor sexual, São João Paulo 2º respondia que ser humano é 'um chamado para a plena e madura espontaneidade das relações', que é 'gradual fruto de discernimento dos impulsos do próprio coração'. É algo que se conquista, do momento que cada ser humano 'deve com perseverança e coerência aprender o que é o significado do corpo", escreveu o líder católico.   

Segundo Francisco, "tratando-se de uma paixão sublime do amor que admira a dignidade do outro, [a sexualidade] torna-se uma plena e límpida afirmação de amor que mostra de quais maravilhas é capaz o coração humano e, assim, por um momento, percebe-se que a existência humana é um sucesso".   

Ao mesmo tempo, Jorge Mario Bergoglio criticou os tempos atuais que mostram um "alto risco" de que a sexualidade humana "seja dominada pelo espírito venenoso do uso e descarte" ou que ainda "também no matrimônio, a sexualidade possa se tornar fonte de sofrimento e de manipulação".   

A ressalva do papa sobre o tema ganhou um capítulo especial, chamado de "violência e manipulação" sobre a questão sexual.   

Chamando esses fatos de "patologia", ele condenou o sexo como um "instrumento de afirmação do próprio eu e de satisfação egoísta dos próprios desejos e instintos".   

Condenando o que chamou de "cultura patriarcal", o Papa abominou as práticas de submissão das mulheres casadas aoos seus maridos.   

"Em uma época em que dominava uma cultura patriarcal, na qual a mulher era considerada um ser completamente subordinado ao homem, [...] essa deveria ser uma questão a ser tratada entre cônjuges", ressaltou afirmando que o ato sexual deve ser um ato desejado por ambos e não uma imposição de um sobre outro.   

O líder católico ainda afirmou que os jovens devem receber educação sexual para que entendam que, no mundo atual, são "bombardeados com mensagens que não se preocupam com seu bem e sua maturidade".

Porém, ele criticou a educação sexual imposta apenas sobre o "sexo seguro" como se "um eventual filho fosse um inimigo do qual você precisa se proteger" ou ainda quando promove uma "agressividade narcisística ao invés de acolhimento".   

"É importante ensinar um percurso sobre as diversas expressões do amor, sobre o cuidado recíproco, sobre o carinho respeitoso, sobre a comunicação rica de sentido", ressalta.