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Testemunha em caso 'Vatileaks2' acusa padre de vazar dados

27/04/2016 09h54

CIDADE DO VATICANO, 27 ABR (ANSA) - Em audiência que analisa o caso de vazamento de documentos sigilosos da Santa Sé - o chamado "Vatileaks 2" -, o ex-contador geral da Prefeitura de Assuntos Econômicos do Vaticano Stefano Fralleoni testemunhou sobre suas funções de seu trabalho.   

Por mais de três horas, o maior representante laico na instituição contou que copiava documentos a pedido de seu superior e o acusado de vazar os dados, o monsenhor espanhol Lucio Ángel Vallejo Balda, e que o religioso possuía um pen drive com documentos das reuniões da Comissão de Estudos sobre as Atividades Econômicas do Vaticano (Cosea) e com informações sigilosas. "Era um material que nunca poderia ficar nos nossos arquivos também porque havia material de uma Procuradoria da República Italiana. Ele me fez ver o material só para mostrar sua capacidade de obter determinadas informações", disse o ex-contador que, ao ser questionado sobre como Balda tinha esse pen drive, respondeu que "ele não me disse explicitamente, mas por sua postura de chefe deduzi que foi dada pela senhora Chaouqui".   

Francesca Immacolata Chaouqui é mais uma das investigadas pelo "Vatileaks 2" por ter ajudado no vazamento de dados. Ela trabalhava ao lado do religioso e de seu assistente, Nicola Maio, na Cosea. A comissão, criada pelo papa Francisco em 2013 - e já desfeita - tinha como missão monitorar as contas da Igreja Católica, já abalada por escândalos financeiros. A ex-funcionária nega qualquer participação no esquema.   

Ainda em seu depoimento, Fralleoni afirmou aos juízes e promotores que os três citados por eles - além do monsenhor Alfredo Abbondi - provocavam tensões e discussões por "reivindicações" na Comissão como, por exemplo, copiar documentos que já estavam presentes nos arquivos seja da Prefeitura ou da Cosea. Entre esses papeis, estavam extratos de ações financeiras das contas do Instituto para as Obras da Religião (IOR) - também conhecido como Banco do Vaticano - e de todos os dicastérios vaticanos, de documentação relacionada às Causas dos Santos ("inteiramente copiadas por dias e dias com finalidades desconhecidas", segundo o ex-contador) e os balanços das basílicas papais. Tanto o IOR como a Causa dos Santos são alvos de denúncias presentes nos livros dos dois jornalistas Emiliano Fittipaldi e Gianluigi Nuzzi - que também respondem ao processo "Vatileaks 2". Para o ex-funcionário, essa "é uma atividade de todo anômala ao nosso trabalho normal" e que suspeita que essas cópias "tinham objetivos extrainstitucionais". "Por que copiá-las? Os fins institucionais já estavam satisfeitos", ressaltou.   

Fralleoni contou ainda que foi afastado de suas funções dois dias antes do decreto da prisão de Balda pela Justiça vaticana e não teve nenhuma justificativa formal. Segundo o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, as audiências do caso serão retomadas nesta quinta-feira (28), com a presença de mais testemunhas do caso. (ANSA)
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