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Oposição pede mediação do Papa para crise na Venezuela

28/09/2016 19h06

CARACAS, 28 SET (ANSA) - Os líderes da Mesa de Unidade Democrática (MUD) entregaram nesta quarta-feira (28) um pedido formal para que o Vaticano faça a mediação entre a oposição e do governo de Nicolás Maduro na Venezuela na grave crise econômica e política pela qual o país atravessa.   

O pedido foi entregue à Nunciatura Apostólica de Caracas pelo secretário do grupo opositor, Jesús Torrealba, e pelo primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Enrique Márquez.   

"Com essa carta, estendemos um cordial convite ao Vaticano para que atue como mediador, como garantia moral, como pedra angular de um processo de encontro que seja legítimo, que seja real, que não seja simplesmente uma manobra para que o governo ganhe tempo", disse Torrealba ao entregar o documento.   

O pedido ocorre há cerca de uma semana da entrega formal do mesmo pedido por parte de Maduro. Na carta do governo, o presidente pediu que o Pontífice indique alguém do Vaticano para integrar a comissão capitaneada pela União das Nações Sul-Americanas (Unasul).   

Ao ler o documento, Torrealba destacou que "estamos em um momento crucial desta crise, tempo na qual sua voz orientadora e sábia podem ser a chave para superar a desconfiança e podemos, como sociedade civilizada, encontrar o caminho de paz e de reconciliação dos venezuelanos".   

A carta é ainda uma resposta à carta enviada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper. No texto, Parolin afirmava que a Santa Sé estava disposto a intermediar as negociações se houvesse um convite formal.   

A imposição do convite formal é, segundo o cardeal, pelo fato de que governo e oposição ficariam "mais receptivos para acolher eventuais sugestões a fim de seguir adiante de maneira duradoura e proveitosa".   

O processo de diálogo começou em maio do ano passado e tem como mediadores os ex-presidentes da República Dominicana, Leonel Fernández, e do Panamá, Martín Torrijos, e o ex-premier espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero.   

A conversa conta com o respaldo da comunidade internacional, mas até o momento, apenas foram realizadas duas reuniões preparatórias sem alcançar nenhum resultado efetivo. A oposição se mantém com a postura de levar adiante a situação dos presos políticos, o "sequestro" do poder público e o referendo revogatório. Os representantes de Maduro, por sua vez, descarta esses pontos e insiste que é preciso dialogar sobre como derrotar a chamada "guerra econômica", respeitar os poderes públicos e instalar uma comissão da verdade para investigar os protestos anti-governo de 2014. (ANSA)
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