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'Não achava que política fosse tão corrupta', diz Bellocchio

24/10/2016 20h10

SÃO PAULO, 24 OUT (ANSA) - Em São Paulo para a 40ª Mostra Internacional de Cinema da capital paulista, o diretor italiano Marco Bellocchio, de 76 anos, disse nesta segunda-feira (24) que não imaginava que o sistema político fosse tão corrupto.   


A declaração foi dada após o cineasta ter sido perguntado, durante coletiva de imprensa, sobre o resultado da Operação Mãos Limpas, que serviu de inspiração para o juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato.   


"A Mãos Limpas foi um momento inesperado. Eu, como cidadão, não imaginava que o sistema político fosse tão corrupto e que de certo modo uma parte do Judiciário pudesse descobrir essa corrupção, fazer colapsar grandes partidos e prender tantos poderosos", afirmou.   


Deflagrada no início dos anos 1990, a Mãos Limpas desbaratou um disseminado esquema de propinas nos mais altos escalões da política italiana e provocou o desaparecimento de seus principais partidos na época, a Democracia Cristã e o Partido Socialista Italiano.   


Mais de 20 anos depois, a operação passou a ser comparada à Lava Jato, ainda mais porque Moro nunca escondeu que se inspira nos magistrados que abalaram as estruturas de poder na Itália.   


"Eu não sou um resignado, no sentido de que se ouve dizer que a corrupção aumentou na Itália após a Mãos Limpas. A operação, a partir de uma série de processos - que podem ter sofrido degenerações -, tinha como objetivo pelo menos conter o fenômeno da corrupção", acrescentou Bellocchio.   


O cineasta ainda lembrou que alguns magistrados, como o promotor Antonio Di Pietro, até entraram para a política anos mais tarde, mas destacando que foram fenômenos individuais e que já desapareceram.   


Autor do pôster da Mostra de São Paulo e de seu filme de abertura, "Belos Sonhos", Bellocchio também foi homenageado na capital paulista com o prêmio Leon Cakoff, entregue todos os anos pela organização do festival. Além disso, ele deu uma palestra no Cinesesc, também em São Paulo. (ANSA)
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