Antes de viagem à Suécia,Papa pede proximidade aos luteranos
CIDADE DO VATICANO, 28 OUT (ANSA) - Antes de iniciar sua visita à Suécia pelos 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, o papa Francisco concedeu uma entrevista à revista "La Civiltà Cattolica" onde pede que os cristãos "se aproximem" e que haja um "ecumenismo de sangue".
"Eu penso em apenas uma palavra: proximidade. A minha esperança e a minha expectativa são aquelas de me aproximar-me mais dos meus irmãos e das minhas irmãs. A proximidade faz bem a todos. A distância, ao contrário, nos faz ficar doentes. Quando nos afastamos, nos fechamos em nós mesmos, incapazes de nos encontrar. Nós ficamos tomados pelo medo", disse Francisco.
Questionado sobre seu contato com a comunidade luterana, o líder católico contou sobre suas relações ainda quando era padre e professor em Buenos Aires e lembrou de um pastor ao qual se tornou amigo e que foi trabalhar no Brasil. Citando o sueco Anders Ruuth, que fazia um estudo sobre a Igreja Universal do Reino de Deus, "que havia nascido no fim dos anos 1970", o Papa afirmou que a tese do sueco "era uma joia".
Jorge Mario Bergoglio também lembrou da visita que fez à Igreja Luterana de Roma, quando já era Pontífice, e elogiu o pastor local, "que é muito bom", em sua celebração.
O sucessor de Bento XVI também foi interrogado sobre o que a religião católica poderia aprender com os luteranos e a resposta foi direta "Reforma e Escrituras".
"Explico. A primeira palavra é reforma. [...] Lutero queria dar um remédio a uma situação complexa. Depois, aquele gesto se tornou um estado de separação e uma não um processo de reforma de toda a Igreja, que ao invés é fundamental, porque a Igreja deve estar sempre em reforma. A segunda palavra é Escritura.
Lutero deu um grande passo para colocar a palavra de Deus nas mãos do povo", respondeu Bergoglio.
Ao ser lembrado pela revista de que a Suécia é um dos países em que mais pessoas dizem não ter religião ou acreditar em Deus, Francisco afirmou que - para atrair fiéis - as religiões não devem se basear no "proselitismo" (a tentativa de conversão para uma doutrina), mas sim no exemplo.
"Fazer proselitismo no campo social é um pecado. Bento XVI já disse que a Igreja não cresce pelo proselitismo, mas pela atração. O proselitismo é um comportamento pecaminoso. Seria transformar a igreja em uma organização. Falar, rezar e trabalhar juntos: esse é o caminho que devemos fazer", disse Francisco destacando os trabalhos junto às pessoas "doentes, pobres ou encarceradas".
Ao falar sobre o tema, o Papa criticou as divisões entre as diversas religiões cristãs, lembrando que quando há perseguições por terroristas, por exemplo, "eles são mortos porque são cristãos e não porque são luteranos, calvinistas, anglicanos, católicos e ortodoxos".
"Existe o ecumenismo de sangue. Rezar juntos, trabalhar juntos e compreender o ecumenismo de sangue", disse o líder católico ao lembrar dos massacres de cristãos de várias vertentes por regimes como o nazista, em que "o sangue de católicos e protestantes" se misturou ou pelas guerras atuais, em que há perseguição por grupos extremistas islâmicos.
Sobre a situação atual, o Sumo Pontífice voltou a falar que matar em nome de Deus é "satânico" e falou sobre o encontro que teve com os parentes das vítimas do ataque de Nice, que deixou quase 90 mortos.
"Não se pode fazer guerras em nome da religião ou de Deus. É uma ofensa, é satânico. Aquele maluco que cometeu aquele atentado fez aquilo achando que estava fazendo algo em nome de Deus.
Pobre homem, era um desequilibrado!", ressaltou.
Francisco ainda foi lembrado que comentou que o ato de falar mal dos outros é uma das formas de "terrorismo" do mundo atual e o líder católico confirmou seu pensamento, citando a passagem bíblica de que "uma espada mata muitas pessoas, mas uma língua mata muito mais". "A língua é um membro pequeno, mas pode colocar fogo e incendiar toda a nossa vida. A língua pode soltar um veneno mortal. Esse terrorismo é difícil de controlar", acrescentou.
Ao final da conversa, o Papa ainda deixou uma mensagem final para a visita à Suécia. "Aquilo que me vem à cabeça de maneira espontânea é simples: andar, caminhar juntos! Não ficar fechados a uma perspectiva rígida porque nessa não há nenhuma possibilidade de reforma", finalizou.
A viagem de Bergoglio se iniciará no dia 31 de outubro e o líder católico participará de diversos eventos pelos 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, sendo o primeiro Papa a fazer parte das celebrações na história. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
"Eu penso em apenas uma palavra: proximidade. A minha esperança e a minha expectativa são aquelas de me aproximar-me mais dos meus irmãos e das minhas irmãs. A proximidade faz bem a todos. A distância, ao contrário, nos faz ficar doentes. Quando nos afastamos, nos fechamos em nós mesmos, incapazes de nos encontrar. Nós ficamos tomados pelo medo", disse Francisco.
Questionado sobre seu contato com a comunidade luterana, o líder católico contou sobre suas relações ainda quando era padre e professor em Buenos Aires e lembrou de um pastor ao qual se tornou amigo e que foi trabalhar no Brasil. Citando o sueco Anders Ruuth, que fazia um estudo sobre a Igreja Universal do Reino de Deus, "que havia nascido no fim dos anos 1970", o Papa afirmou que a tese do sueco "era uma joia".
Jorge Mario Bergoglio também lembrou da visita que fez à Igreja Luterana de Roma, quando já era Pontífice, e elogiu o pastor local, "que é muito bom", em sua celebração.
O sucessor de Bento XVI também foi interrogado sobre o que a religião católica poderia aprender com os luteranos e a resposta foi direta "Reforma e Escrituras".
"Explico. A primeira palavra é reforma. [...] Lutero queria dar um remédio a uma situação complexa. Depois, aquele gesto se tornou um estado de separação e uma não um processo de reforma de toda a Igreja, que ao invés é fundamental, porque a Igreja deve estar sempre em reforma. A segunda palavra é Escritura.
Lutero deu um grande passo para colocar a palavra de Deus nas mãos do povo", respondeu Bergoglio.
Ao ser lembrado pela revista de que a Suécia é um dos países em que mais pessoas dizem não ter religião ou acreditar em Deus, Francisco afirmou que - para atrair fiéis - as religiões não devem se basear no "proselitismo" (a tentativa de conversão para uma doutrina), mas sim no exemplo.
"Fazer proselitismo no campo social é um pecado. Bento XVI já disse que a Igreja não cresce pelo proselitismo, mas pela atração. O proselitismo é um comportamento pecaminoso. Seria transformar a igreja em uma organização. Falar, rezar e trabalhar juntos: esse é o caminho que devemos fazer", disse Francisco destacando os trabalhos junto às pessoas "doentes, pobres ou encarceradas".
Ao falar sobre o tema, o Papa criticou as divisões entre as diversas religiões cristãs, lembrando que quando há perseguições por terroristas, por exemplo, "eles são mortos porque são cristãos e não porque são luteranos, calvinistas, anglicanos, católicos e ortodoxos".
"Existe o ecumenismo de sangue. Rezar juntos, trabalhar juntos e compreender o ecumenismo de sangue", disse o líder católico ao lembrar dos massacres de cristãos de várias vertentes por regimes como o nazista, em que "o sangue de católicos e protestantes" se misturou ou pelas guerras atuais, em que há perseguição por grupos extremistas islâmicos.
Sobre a situação atual, o Sumo Pontífice voltou a falar que matar em nome de Deus é "satânico" e falou sobre o encontro que teve com os parentes das vítimas do ataque de Nice, que deixou quase 90 mortos.
"Não se pode fazer guerras em nome da religião ou de Deus. É uma ofensa, é satânico. Aquele maluco que cometeu aquele atentado fez aquilo achando que estava fazendo algo em nome de Deus.
Pobre homem, era um desequilibrado!", ressaltou.
Francisco ainda foi lembrado que comentou que o ato de falar mal dos outros é uma das formas de "terrorismo" do mundo atual e o líder católico confirmou seu pensamento, citando a passagem bíblica de que "uma espada mata muitas pessoas, mas uma língua mata muito mais". "A língua é um membro pequeno, mas pode colocar fogo e incendiar toda a nossa vida. A língua pode soltar um veneno mortal. Esse terrorismo é difícil de controlar", acrescentou.
Ao final da conversa, o Papa ainda deixou uma mensagem final para a visita à Suécia. "Aquilo que me vem à cabeça de maneira espontânea é simples: andar, caminhar juntos! Não ficar fechados a uma perspectiva rígida porque nessa não há nenhuma possibilidade de reforma", finalizou.
A viagem de Bergoglio se iniciará no dia 31 de outubro e o líder católico participará de diversos eventos pelos 500 anos da Reforma de Martinho Lutero, sendo o primeiro Papa a fazer parte das celebrações na história. (ANSA)
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