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Após 9 dias de luto, Cuba sepulta Fidel em berço da revolução

De Santiago de Cuba

04/12/2016 12h27

Após percorrerem um trajeto de cerca de 900 km, as cinzas do ex-presidente Fidel Castro foram sepultadas neste domingo (4), no cemitério Santa Ifigenia, em Santiago de Cuba, berço da revolução que derrubou Fulgencio Batista.   

Os restos mortais do "comandante" deixaram Havana na última quarta-feira (30), após dois dias de velório no Memorial José Martí, na Praça da Revolução, e cruzaram o país em uma caravana que repetiu, no sentido inverso, o itinerário feito por Fidel e seus homens em janeiro de 1959, depois de deixarem Sierra Maestra.   

As cinzas chegaram a Santiago no último sábado (3) e foram levadas à Praça da Revolução, em uma cerimônia que contou com alguns dos principais nomes da esquerda latino-americana, como os ex-presidentes do Brasil Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva e os mandatários da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Nicolás Maduro.   

"Estou triste porque se foi o maior homem do século 20", disse Lula. Discursando para uma multidão, o presidente de Cuba e irmão de Fidel, Raúl Castro, prometeu "defender a pátria e o socialismo". "Fidel foi um exemplo. Nos mostrou aquilo que podemos fazer. Sim, podemos superar qualquer obstáculo para a independência, a soberania da pátria e o socialismo", declarou.   

A pequena urna de cedro contendo as cinzas do ex-líder cubano foi levada ao cemitério Santa Ifigenia na manhã deste domingo, em um trajeto final de pouco mais de 2 km. No local também está sepultado o herói nacional José Martí, ídolo de Fidel.   

O enterro também marcou o fim do período de nove dias de luto decretado pelo governo após a morte do ex-presidente, ocorrida no último dia 25 de novembro. A caravana com as cinzas foi acompanhada por milhares de pessoas, que se aglomeraram em ruas e estradas para se despedir do "comandante".   

No entanto, o sepultamento foi realizado de maneira privada, restrito à família e às pessoas mais próximas. Fidel comandou Cuba por 49 anos, entre 1959 e 2008, período no qual universalizou o acesso à educação e à saúde e reprimiu adversários com mão de ferro. Na Flórida, que abriga milhares de dissidentes cubanos, houve festa após a notícia de sua morte.   

Ao longo dos últimos anos, suas aparições públicas foram ficando cada vez mais raras, e os boatos sobre seu falecimento, mais frequentes. Até 25 de novembro, quando sua morte foi anunciada em um discurso por Raúl Castro. (ANSA)