Sob chuva, protesto critica filas para cidadania italiana
Por Amanda Sampaio e Lucas Rizzi SÃO PAULO, 07 ABR (ANSA) - Debaixo de chuva, cerca de 50 manifestantes se reuniram na Avenida Paulista, em frente ao consulado da Itália em São Paulo, para protestar contra a fila de espera de 12 anos para reconhecimento de cidadania.
A expectativa dos organizadores era contar com a presença de pelo menos 100 pessoas, mas o trânsito caótico na capital paulista devido ao mau tempo e o horário do meio-dia não contribuíram para a mobilização. Realizado simultaneamente em outras três cidades do Brasil (Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre) e em consulados na Argentina, o ato foi convocado pelo Movimento Associativo Italianos no Exterior (Maie), partido de centro que representa cidadãos do país da bota fora de suas fronteiras.
A principal reivindicação foi a destinação dos 300 euros cobrados de cada maior de idade que entra com pedido de reconhecimento de cidadania para a agilização da rede consular.
Criada em 2014, por meio de uma lei do deputado ítalo-brasileiro Fabio Porta, a taxa até hoje não foi revertida para acelerar os processos de cidadania.
"O ideal principal da manifestação não é empurrar para o consulado resolver. A principal reivindicação é que o Estado italiano faça com que essa taxa seja integralmente revertida àquilo para que ela foi criada, que é terminar a fila. O governo simplesmente deu as costas a essa lei, não devolve um centavo ao consulado", diz o coordenador do Maie no Nordeste, Daniel Taddone, paulista radicado em Recife e que viajou a São Paulo para a manifestação.
Segundo ele, está em discussão um projeto para que as representações diplomáticas passem a receber 90 euros, pouco menos de um terço do total. "Mas também não é suficiente, é uma esmola", atacou. Em São Paulo, o ato reuniu pessoas de todas as idades, mas principalmente jovens que sonham com o reconhecimento da cidadania.
É o caso de Lorenzo, de 19 anos, que entrou com seu pedido de reconhecimento em meados de 2016 e, pelo ritmo atual, só será chamado pelo consulado da capital paulista em 2028. "Desanimei bastante depois de ver o tempo de espera para o reconhecimento, que é um direito nosso", contou o jovem, que, se não houver mais agilidade na fila, pensa em ir para a Itália com sua família para obter a cidadania diretamente na península.
Foi essa a saída encontrada pela esposa de Gustavo, que ficou três meses na Itália entre o fim de 2016 e o início de 2017 para conseguir a dupla nacionalidade. "A gente estava aqui em São Paulo, somos de Araraquara, ficamos sabendo do protesto e viemos dar um apoio para o pessoal", disse.
Já Adriano, de 21 anos, chegou a entrar na fila do consulado de Belo Horizonte em 2013, mas desistiu de esperar e preferiu obter o reconhecimento judicialmente. "Minha família pensa [em pedir reconhecimento], mas quando eles olham para 12 anos de fila, eles desanimam", relatou o jovem.
Mario, 20, ainda está correndo atrás da documentação, mas já se preocupa com o tamanho da espera. "Vou precisar que a fila diminua quando eu começar o processo, senão não vou tirar nunca a cidadania. Vim com o intuito de ajudar o pessoal a diminuir esse tempo de espera", afirmou.
No início do protesto, o vice-cônsul Simone Panfili recebeu uma carta com as reivindicações dos manifestantes, mas preferiu não falar com a imprensa. Na última quinta-feira (6), em entrevista à ANSA, o cônsul-geral da Itália em São Paulo, Michele Pala, que está em visita oficial ao Acre, disse que reconhecia a legitimidade do protesto, porém ressaltou que o consulado está atuando em seu limite.
"Entendo a frustração de quem tem de esperar, mas é importante ficar claro que o consulado está fazendo o possível, os funcionários já têm uma produtividade muito alta, mas não à altura de enfrentar um atraso que tem razões históricas", acrescentou Pala.
O cônsul-geral ainda lembrou que as representações diplomáticas precisam atender aqueles que já são cidadãos italianos, número que, contabilizando apenas os inscritos na sede paulista, ultrapassa as 200 mil pessoas - menos de 20 cidades na Itália possuem populações superiores a essa, o que dá a medida do problema.
"O consulado vai fazer o possível para diminuir o tempo de espera, mas, no momento, não tenho recursos para poder fazer uma redução significativa", afirmou Pala, ressaltando que o destino da taxa de 300 euros não depende dos consulados. "O tempo de espera é transparente. As pessoas podem ficar tranquilas que essa coisa de furar fila não existe no consulado de São Paulo", completou.
Ultimamente, o consulado de São Paulo vem aumentando a quantidade de convocados: a lista referente ao quarto trimestre do ano passado incluía 1.980 pedidos, enquanto a dos primeiros três meses de 2017 contemplou 2.835, um crescimento de 43,18%.
Na capital paulista, pouco mais de 61 mil solicitações estão na fila de espera (sem contar os dados de 2016). Levando em conta que até 2013 os pedidos eram familiares, e não individuais, o número de pessoas aguardando chega à casa das centenas de milhares. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
A expectativa dos organizadores era contar com a presença de pelo menos 100 pessoas, mas o trânsito caótico na capital paulista devido ao mau tempo e o horário do meio-dia não contribuíram para a mobilização. Realizado simultaneamente em outras três cidades do Brasil (Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre) e em consulados na Argentina, o ato foi convocado pelo Movimento Associativo Italianos no Exterior (Maie), partido de centro que representa cidadãos do país da bota fora de suas fronteiras.
A principal reivindicação foi a destinação dos 300 euros cobrados de cada maior de idade que entra com pedido de reconhecimento de cidadania para a agilização da rede consular.
Criada em 2014, por meio de uma lei do deputado ítalo-brasileiro Fabio Porta, a taxa até hoje não foi revertida para acelerar os processos de cidadania.
"O ideal principal da manifestação não é empurrar para o consulado resolver. A principal reivindicação é que o Estado italiano faça com que essa taxa seja integralmente revertida àquilo para que ela foi criada, que é terminar a fila. O governo simplesmente deu as costas a essa lei, não devolve um centavo ao consulado", diz o coordenador do Maie no Nordeste, Daniel Taddone, paulista radicado em Recife e que viajou a São Paulo para a manifestação.
Segundo ele, está em discussão um projeto para que as representações diplomáticas passem a receber 90 euros, pouco menos de um terço do total. "Mas também não é suficiente, é uma esmola", atacou. Em São Paulo, o ato reuniu pessoas de todas as idades, mas principalmente jovens que sonham com o reconhecimento da cidadania.
É o caso de Lorenzo, de 19 anos, que entrou com seu pedido de reconhecimento em meados de 2016 e, pelo ritmo atual, só será chamado pelo consulado da capital paulista em 2028. "Desanimei bastante depois de ver o tempo de espera para o reconhecimento, que é um direito nosso", contou o jovem, que, se não houver mais agilidade na fila, pensa em ir para a Itália com sua família para obter a cidadania diretamente na península.
Foi essa a saída encontrada pela esposa de Gustavo, que ficou três meses na Itália entre o fim de 2016 e o início de 2017 para conseguir a dupla nacionalidade. "A gente estava aqui em São Paulo, somos de Araraquara, ficamos sabendo do protesto e viemos dar um apoio para o pessoal", disse.
Já Adriano, de 21 anos, chegou a entrar na fila do consulado de Belo Horizonte em 2013, mas desistiu de esperar e preferiu obter o reconhecimento judicialmente. "Minha família pensa [em pedir reconhecimento], mas quando eles olham para 12 anos de fila, eles desanimam", relatou o jovem.
Mario, 20, ainda está correndo atrás da documentação, mas já se preocupa com o tamanho da espera. "Vou precisar que a fila diminua quando eu começar o processo, senão não vou tirar nunca a cidadania. Vim com o intuito de ajudar o pessoal a diminuir esse tempo de espera", afirmou.
No início do protesto, o vice-cônsul Simone Panfili recebeu uma carta com as reivindicações dos manifestantes, mas preferiu não falar com a imprensa. Na última quinta-feira (6), em entrevista à ANSA, o cônsul-geral da Itália em São Paulo, Michele Pala, que está em visita oficial ao Acre, disse que reconhecia a legitimidade do protesto, porém ressaltou que o consulado está atuando em seu limite.
"Entendo a frustração de quem tem de esperar, mas é importante ficar claro que o consulado está fazendo o possível, os funcionários já têm uma produtividade muito alta, mas não à altura de enfrentar um atraso que tem razões históricas", acrescentou Pala.
O cônsul-geral ainda lembrou que as representações diplomáticas precisam atender aqueles que já são cidadãos italianos, número que, contabilizando apenas os inscritos na sede paulista, ultrapassa as 200 mil pessoas - menos de 20 cidades na Itália possuem populações superiores a essa, o que dá a medida do problema.
"O consulado vai fazer o possível para diminuir o tempo de espera, mas, no momento, não tenho recursos para poder fazer uma redução significativa", afirmou Pala, ressaltando que o destino da taxa de 300 euros não depende dos consulados. "O tempo de espera é transparente. As pessoas podem ficar tranquilas que essa coisa de furar fila não existe no consulado de São Paulo", completou.
Ultimamente, o consulado de São Paulo vem aumentando a quantidade de convocados: a lista referente ao quarto trimestre do ano passado incluía 1.980 pedidos, enquanto a dos primeiros três meses de 2017 contemplou 2.835, um crescimento de 43,18%.
Na capital paulista, pouco mais de 61 mil solicitações estão na fila de espera (sem contar os dados de 2016). Levando em conta que até 2013 os pedidos eram familiares, e não individuais, o número de pessoas aguardando chega à casa das centenas de milhares. (ANSA)
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