Com Nobel da Paz, Papa cobra respeito aos direitos humanos
NAY PYI TAW, 28 NOV (ANSA) - O papa Francisco se reuniu nesta terça-feira (28) com a Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, em Myanmar e ouviu elogios da "líder de fato" do país por sua ajuda nas questões de tolerância e de respeito aos direitos humanos.
Por sua vez, Francisco pediu o respeito a todas as etnias e religiões do país.
Segundo a representante do governo, os "desafios" que seu país tem pela frente "para proteger os direitos, perseguir a a tolerância e assegurar a segurança de todos", incluindo também a questão do estado de Rakhine, onde há a grave crise com os muçulmanos rohingyas, "nos pedem força, paciência e coragem".
Por conta disso, ela agradeceu Jorge Mario Bergoglio por estar entre "os bons amigos que desejam ver o sucesso de nosso esforço".
Já o Papa, assim como havia feito em uma reunião inter-religiosa horas antes, pediu "tolerância, unidade e perdão" para "curar as feridas e construir um novo país".
"O árduo processo de construção da paz e da reconciliação nacional pode avançar apenas através do empenho pela justiça e o respeito aos direitos humanos", disse o líder religioso ao afirmar que fazer justiça "é a vontade de reconhecer a qualquer um os seus direitos".
Segundo o líder da Igreja Católica, "o futuro de Myanmar deve ser a paz, uma paz fundada no direito da dignidade e dos direitos de cada membro da sociedade, no respeito para cada grupo étnico e de sua identidade, sobre o respeito do estado de direito e da ordem democrática que permitam que qualquer indivíduo e qualquer grupo de oferecer sua legítima contribuição para o bem comum".
Conforme foi orientado, Bergoglio não usou o termo "rohingya" em sua fala. Apesar da minoria muçulmana que é perseguida no país ser conhecida assim mundialmente, o governo de Myanmar usa o termo "bengalis de Rakhine".
Em seu discurso de cerca de 15 minutos, Francisco ainda afirmou que as "religiões podem desenvolver um papel significativo na cura das feridas emotivas, espirituais e psicológicas daqueles que sofreram nos anos de conflito".
"As religiões podem ajudar a estirpar as causas do conflito, a construir pontes de diálogo, a buscar justiça e podem ser a voz profética para todos aqueles que sofrem - além de sinal de esperança quando os líderes do país se comprometam a trabalhar juntos", acrescentou.
Antes dos discursos dos dois líderes, Papa e Aung San Suu Kyi se reuniram a portas fechadas por 23 minutos. Entre os temas abordados, a crise dos rohingyas foi uma das pautas, bem como a reconstrução do governo após décadas de ditadura militar.
Apesar do clima amistoso mostrado pelos dois, a Nobel da Paz é duramente criticada por conta da sua gestão na crise com os rohingyas. De acordo com dados das Nações Unidas, mais de 600 mil pessoas dessa minoria étnica e religiosa fugiram para o vizinho Bangladesh desde agosto deste ano. No ano passado, cerca de 300 mil fugiram.
Naquele mês, uma ação do grupo "Exército Arakan para a Salvação dos Rohingyas" matou cerca de 70 pessoas, incluindo diversos policiais. Como resposta, o Exército começou uma perseguição sistemática em Rakhine, com assassinatos sumários, estupros de mulheres e crianças e a queima das casas dos membros da etnia.
A ONU, e até mesmo os Estados Unidos, acusaram o país de estar fazendo "uma limpeza étnica clássica" e condenaram a atuação de Aung San Suu Kyi, que nada fez pela população. Após meses de fuga, ela chegou a visitar Rakhine, no início de novembro, mas a etnia já está reduzida a poucas milhares de pessoas.
Na semana passada, antes da visita do Papa, Myanmar fechou um acordo com Bangladesh para permitir o retorno de quem fugiu, mas as ONGs temem que não exista condições de segurança para toda a população.
Esse é o segundo encontro entre os dois. No dia 4 de maio, a representante do país asiático foi para o Vaticano em uma reunião que selou a retomada das relações diplomáticas entre Myanmar e a Santa Sé. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Por sua vez, Francisco pediu o respeito a todas as etnias e religiões do país.
Segundo a representante do governo, os "desafios" que seu país tem pela frente "para proteger os direitos, perseguir a a tolerância e assegurar a segurança de todos", incluindo também a questão do estado de Rakhine, onde há a grave crise com os muçulmanos rohingyas, "nos pedem força, paciência e coragem".
Por conta disso, ela agradeceu Jorge Mario Bergoglio por estar entre "os bons amigos que desejam ver o sucesso de nosso esforço".
Já o Papa, assim como havia feito em uma reunião inter-religiosa horas antes, pediu "tolerância, unidade e perdão" para "curar as feridas e construir um novo país".
"O árduo processo de construção da paz e da reconciliação nacional pode avançar apenas através do empenho pela justiça e o respeito aos direitos humanos", disse o líder religioso ao afirmar que fazer justiça "é a vontade de reconhecer a qualquer um os seus direitos".
Segundo o líder da Igreja Católica, "o futuro de Myanmar deve ser a paz, uma paz fundada no direito da dignidade e dos direitos de cada membro da sociedade, no respeito para cada grupo étnico e de sua identidade, sobre o respeito do estado de direito e da ordem democrática que permitam que qualquer indivíduo e qualquer grupo de oferecer sua legítima contribuição para o bem comum".
Conforme foi orientado, Bergoglio não usou o termo "rohingya" em sua fala. Apesar da minoria muçulmana que é perseguida no país ser conhecida assim mundialmente, o governo de Myanmar usa o termo "bengalis de Rakhine".
Em seu discurso de cerca de 15 minutos, Francisco ainda afirmou que as "religiões podem desenvolver um papel significativo na cura das feridas emotivas, espirituais e psicológicas daqueles que sofreram nos anos de conflito".
"As religiões podem ajudar a estirpar as causas do conflito, a construir pontes de diálogo, a buscar justiça e podem ser a voz profética para todos aqueles que sofrem - além de sinal de esperança quando os líderes do país se comprometam a trabalhar juntos", acrescentou.
Antes dos discursos dos dois líderes, Papa e Aung San Suu Kyi se reuniram a portas fechadas por 23 minutos. Entre os temas abordados, a crise dos rohingyas foi uma das pautas, bem como a reconstrução do governo após décadas de ditadura militar.
Apesar do clima amistoso mostrado pelos dois, a Nobel da Paz é duramente criticada por conta da sua gestão na crise com os rohingyas. De acordo com dados das Nações Unidas, mais de 600 mil pessoas dessa minoria étnica e religiosa fugiram para o vizinho Bangladesh desde agosto deste ano. No ano passado, cerca de 300 mil fugiram.
Naquele mês, uma ação do grupo "Exército Arakan para a Salvação dos Rohingyas" matou cerca de 70 pessoas, incluindo diversos policiais. Como resposta, o Exército começou uma perseguição sistemática em Rakhine, com assassinatos sumários, estupros de mulheres e crianças e a queima das casas dos membros da etnia.
A ONU, e até mesmo os Estados Unidos, acusaram o país de estar fazendo "uma limpeza étnica clássica" e condenaram a atuação de Aung San Suu Kyi, que nada fez pela população. Após meses de fuga, ela chegou a visitar Rakhine, no início de novembro, mas a etnia já está reduzida a poucas milhares de pessoas.
Na semana passada, antes da visita do Papa, Myanmar fechou um acordo com Bangladesh para permitir o retorno de quem fugiu, mas as ONGs temem que não exista condições de segurança para toda a população.
Esse é o segundo encontro entre os dois. No dia 4 de maio, a representante do país asiático foi para o Vaticano em uma reunião que selou a retomada das relações diplomáticas entre Myanmar e a Santa Sé. (ANSA)
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