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Thyssen, na fábrica da morte uma década após a tragédia

30/11/2017 13h45

TURIM, 30 NOV (ANSA) - Por Irene Famà - "Não quero morrer! Não quero morrer!". Os gritos dos operários da Thyssenkrupp durante o incêncio que atingiu a fábrica de Turim na madrugada de 6 de dezembro de 2007 ainda ressoam com nitidez na gravação da chamada de emergência ao 118. "Há um incêndio, tentamos apagá-lo, mas não conseguimos. Não conseguimos sair daqui, nada. As pessoas estão queimadas", relata um funcionário no telefonema ao 118. Aqueles lamentos, gritos de dor e pedidos desesperados de ajuda constituem um lado trágido da história de Turim. Há três anos, são realizadas operações de limpeza na rua Regina 400, onde ficava a siderúrgica Thyssenkrupp, local da morte de sete operários. Em 10 anos, as equipes de limpeza lavaram os chãos, desmontaram as estruturas, fecharam a maioria dos buracos que, antigamente, abrigavam as máquinas. Tudo foi descartado, tudo foi vendido.   

Bem onde o drama ocorreu, a área permanece isolada com barreiras. Mas basta erguer os olhos para as paredes e tubulações e encontrar as marcas das chamas. Impossível não sentir o odor do óleo queimado. É intenso. Impregna as roupas. Nas pilastras, ainda estão os cartazes de alerta de segunça aos antigos funcionários: "Atenção, use o capacete", "Atenção, vista os sapatos antiderrapantes". Na dificuldade de esquecer a tragédia, a população de Turim se limita a definir o local como "a fábrica dos alemães". "90% dos diretores e gestores mudou. Estamos trabalhando para seguir adiante, melhores. A maioria de nós é novo aqui. Mas, mesmo não tendo vivenciado a tragédia, é impossível ignorar o que aconteceu há 10 anos", contou uma fonte de dentro da Thyssenkrupp. A empresa espera encerrar os trabalhos de limpeza da fábrica de Turim em até um ano. Foram colocadas equipes de segurança 24h para evitar a invasão do local, pois, em oito meses, 16 pessoas foram presas por entrarem de maneira ilegal na "fábrica da morte". (ANSA)
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