Topo

Putin diz que concorrerá à Presidência como independente

14/12/2017 10h06

MOSCOU, 14 DEZ (ANSA) - Na tradicional coletiva de imprensa de fim de ano, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que irá concorrer à reeleição como um "candidato independente".   

"Vou ser independente, mas conto com o apoio de todas as forças políticas que tem o desenvolvimento do nosso país no coração e, naturalmente, também todo o povo russo", disse nesta quinta-feira (14). "Como na economia, também na política é necessária uma atmosfera competitiva e farei de tudo para garanti-la. Mas, se vocês me pedem porque na Rússia não há uma oposição de verdade, a resposta mais simples para mim é dizer que não é meu dever criar a oposição", ressaltou ainda aos jornalistas.   

Putin ainda aproveitou para criticar os atuais líderes opositores do país, dizendo que eles "não devem ir só às praças para gritar, mas sim fazer propostas para melhorar a situação do povo".   

O mandatário também foi questionado sobre o banimento da delegação russa das Olimpíadas do Rio de Janeiro, no ano passado, e dos Jogos de Inverno, que ocorrem em 2018.   

Apesar de reconhecer que nomear Grigory Rodchenkov como líder da agência antidoping russa, dizendo que acha "estranha" as denúncias feitas por ele, Putin afirmou que há "intimidações e pressões" de entidades como o Comitê Olímpico Internacional (COI) e da Agência Mundial Antidoping (Wada).   

"Nós respeitamos as organizações esportivas internacionais, como a Wada e o COI, e temos muitos amigos dentro delas. Mas, nós sabemos que sobre elas são feitas muitas pressões, verdadeiras e próprias intimidações. Elas são obrigadas a fazer algumas coisas que devem chegar à conclusões baseadas em qualquer coisa", disse Putin.   

- Estados Unidos: Grande parte da coletiva foi focada na relação com os Estados Unidos e sobre as acusações de que os russos teriam interferido nas eleições do ano passado, que culminara com a escolha de Donald Trump.   

"Os contatos entre o governo russo e Donald Trump foram inventados pela oposição norte-americana para mostrá-lo como um presidente ilegítimo. Mas, assim eles danificam os EUA e se limita a ação do presidente não respeitando os eleitores de Trump", disse o mandatário russo.   

Ao ser questionado se isso era uma avaliação do governo norte-americano, Putin desviou e disse que vê "que os mercados crescem e que isso significa que eles têm confiança neles". "Há outras coisas que ele queria fazer, como melhorar a relação com a Rússia, mas não pode fazer isso", disse sem explicar os motivos da afirmação.   

Ele ainda confirmou que os EUA, sob ordens do republicano, "deixou o acordo ABM" (tratado antimísseis balísticos, em tradução livre), e que há uma forte propaganda para deixar também o INF, um acordo que regula o lançamento de mísseis de curto e médio alcance.   

Questionado sobre a Coreia do Norte, Putin pedem que tanto os EUA como Pyongyang "devem parar a escalada de tensão" sobre a península coreana.   

"Nós ouvimos que os EUA teriam parado os exercícios militares, mas agora fazem outras manobras e a Coreia do Norte responde lançando um míssil. Isso tudo deve ser paralisado porque é extremamente perigoso", ressaltou.   

Ele ainda elogiou a abertura dada pelos EUA, através de um discurso do secretário de Estado, Rex Tillerson, de que Washington estaria "prontos para conversar" com Kim Jong-un.   

"É um sinal muito bom e que indica que foram feitos progressos na administração dos EUA em geral, incluindo o Departamento de Estado. Espera-se que o mesmo esteja ocorrendo na Inteligência e no Pentágono", ressaltou.   

- Economia russa: Putin ainda falou sobre os avanços econômicos na Rússia durante seus governos. De acordo com ele, mesmo com a queda no preço do petróleo e das sanções dos países ocidentais pela anexação da Crimeia, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 1,6% em 2017.   

De acordo com o mandatário, a Rússia se tornará a líder mundial na exportação de cereais, a inflação cairá para 2,5% e a dívida pública diminuirá para 2,2%, com investimentos subindo para a casa dos US$ 23 bilhões. (ANSA)
Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.