Retrospectiva/O 1º ano do governo Trump contado pelo Twitter
SÃO PAULO, 26 DEZ (ANSA) - Por Luciana Ribeiro - Desde que assumiu a Presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2017, Donald Trump optou por governar de uma maneira inédita. Em seu primeiro ano à frente da Casa Branca, o republicano, embora tenha tido dificuldades para colocar em prática suas principais promessas de campanha, tem se manifestado e até mesmo anunciado reviravoltas políticas de maneira desenfreada no Twitter.
"Pode ser uma estratégia de repercussão social, porque os tuítes que ele publica geram uma repercussão enorme, o que potencializa o assunto na imprensa. Isso faz parte de uma estratégia política para marcar posição, agradar o eleitorado e se mostrar mais ativo", disse Maurício Fronzaglia, professor de relações internacionais da Universidade Mackenzie, à ANSA.
No entanto, mesmo se mostrando ativo na rede social e buscando agradar a população norte-americana, o magnata encerrará 2017 sendo o presidente mais impopular da história. "Quem esperava um Trump mais aberto ao diálogo, mais conciliador, enganou-se. Não é assim que ele está sendo", acrescentou o especialista.
Para Fronzaglia, "este primeiro ano do governo Trump foi um pouco complicado, principalmente porque ele teve dificuldade para tentar efetivar algumas promessas de campanha". Trump começou a dar o encaminhamento para a reestruturação do Nafta, saiu do Acordo de Paris, suspendeu o programa que autoriza os filhos de imigrantes ilegais a estudarem e trabalharem nos Estados Unidos, iniciou a construção de protótipos para o muro na fronteira com o México e teve sua reforma fiscal aprovada. Mas o chefe de Estado norte-americano não conseguiu apoio ainda para substituir o Obamacare. "Ele tem passado por uma questão interna bem complicada, que envolve a investigação da interferência russa nas eleições norte-americanas", disse o especialista.
A eleição de Trump abriu uma era de incertezas. Ele quebrou quase todas as regras da Presidência e manteve seu primeiro ano à frente da maior potência mundial em permanente conflito "digital". Seja com publicações contra a imprensa, críticas aos seus aliados ou adversários, e até ameaças contra a Coreia do Norte.
"Ele contesta o Estado, a política e oferece medidas muito drásticas. Algo de um certo comportamento egocêntrico, de tentar chamar atenção para si pelo impacto de sua imagem, das suas ideias e suas palavras", explicou à ANSA Alcides Vaz, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília.
Para ele, é muito provável que, depois do término de seu governo, os tuítes sejam o legado público de sua interação com todos os usuários da rede social.
Entre tuítes e retuítes, a conta do magnata já ultrapassou mais de duas mil interações desde janeiro de 2017 e cerca de 45 milhões de seguidores. Para manter todo o conteúdo salvo, o site "TrumpTwitterArchive" salva, arquiva e categoriza todos os tuítes que o presidente norte-americano escreve.
Na retrospectiva do primeiro ano do governo Trump, confira as principais e polêmicas publicações do chefe de Estado na rede social: No dia 20 de janeiro, o então presidente eleito fez seu primeiro tuíte às 10h30 local, enquanto ainda caminhava ao Capitólio para a posse.
Sete dias depois de tomar posse, Trump assinou um decreto presidencial no qual impunha um bloqueio de 90 dias à entrada de viajantes de sete países de maioria muçulmana e um bloqueio de 120 dias à entrada de todos os refugiados.
A medida causou um caos em muitos aeroportos internacionais dos Estados Unidos e diversas pessoas organizaram protestos por todo o país.
O decreto foi rapidamente bloqueado em tribunal, tal como uma versão modificada apresentada em março, que retirava o Iraque da anterior lista de países. Uma terceira versão do bloqueio, que acrescentava à lista os cidadãos da Coreia do Norte e alguns venezuelanos, deveria ter entrado em vigor em meados de outubro.
Mais uma vez os tribunais bloquearam a medida.
Em um primeiro tuíte, Trump afirma que "o juiz abriu nosso país para terroristas em potencial e pessoas que não tem nossos melhores interesses em mente. As pessoas más estão muito felizes!".
Em seguida, o presidente afirmou que "não acredita "que um juiz poderia colocar nosso país em um perigo destes. Se algo acontecer, culpem a ele e ao sistema judicial. Está 'chovendo' gente", escreveu.
Ainda em fevereiro, Trump também deixou claro sua relação de amor e ódio com a imprensa. Amor com periódicos que o apoiam, como a rede de TV Fox News, o jornal The Washington Times. E ódio com todo o resto, especialmente aqueles que publicam notícias que o magnata classifica como fake News.
O mandatário, inclusive, postou um GIF em que batia em um oponente cuja cabeça havia sido substituída pelo logo da rede de TV CNN - este foi o post com maior interação, com quase 370 mil retuítes.
"Qualquer pesquisa negativa é falsa, como as da CNN, ABC, NBC eram durante as eleições. Desculpem, as pessoas querem segurança na fronteira e vetos extremos".
O ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, respondeu em vídeo a uma provocação de Trump durante um discurso, em que ele dizia que o ex-governador foi demitido como apresentador do programa de TV, "O Aprendiz", por baixos índices. Por sua vez, o presidente não deixou sem a tréplica e disse que Schwarzenegger foi péssimo como governador da Califórnia e como apresentador. "Sim, Arnold Schwarzenegger fez um péssimo trabalho como Governador da Califórnia e um pior ainda no Aprendiz? mas ao menos ele tentou!". CONTINUA
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