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Tragédia do Rigopiano completa 1 ano com espera por justiça

17/01/2018 21h42

PESCARA, 17 JAN (ANSA) - Passado um ano da avalanche que devastou o hotel Rigopiano, em Farindola, no centro da Itália, e deixou 29 mortos, 23 pessoas ainda são investigadas pelo Ministério Público de Pescara por possíveis culpas na tragédia.   

As acusações mais graves presentes nas milhares de páginas do inquérito dos procuradores Massimiliano Serpi e Andrea Papalia são de múltiplo homicídio culposo e múltiplas lesões culposas, ou seja, quando não há a intenção de cometer o crime.   

O objetivo do Ministério Público era concluir a investigação antes do primeiro aniversário da tragédia, o que não foi possível, mas todos os suspeitos foram interrogados antes do Natal, então o prazo inicial será adiado por poucas semanas.   

Ao todo, os procuradores seguem quatro linhas de investigação. A primeira apura eventuais atrasos na ativação do socorro e envolve o ex-chefe da província de Pescara - onde fica Farindola - Francesco Provolo, a funcionária da Proteção Civil Ida de Cesares e o chefe de gabinete Leonardo Bianco.   

De acordo com a acusação, a operação de resgate dos hóspedes e funcionários do Rigopiano, que estavam bloqueados pela neve, só foi ativada às 10h de 18 de janeiro, cerca de oito horas antes da avalanche - no momento do deslizamento, as vítimas estavam no saguão do hotel, esperando o envio de um caminhão limpa-neve.   

A segunda linha trata da gestão da emergência e tem como investigados o atual presidente da província de Pescara, Paolo D'Incecco, ex-dirigente da Proteção Civil, e outros três funcionários do ente público. Eles são acusados de não ter ativado a sala operacional da Proteção Civil e pelo não fechamento ao tráfego da estrada que leva ao Rigopiano.   

A terceira linha diz respeito à construção do hotel, que teria sido levantado de maneira irregular. São suspeitos o prefeito de Farindola, Ilario Lacchetta, os ex-prefeitos Massimiliano Giancaterino e Antonio De Vico, e os técnicos Luciano Sbaraglia e Enrico Colangeli.   

Eles são acusados de não aprovar o plano diretor da cidade, que teria impedido a edificação do Rigopiano em uma área de risco - a autorização para a obra fora dada em 2006. Também são investigados Marco Paolo Del Rosso, empreendedor que solicitara a permissão, Antonio Sorgi, funcionário da região de Abruzzo, e o técnico municipal Enrico Colangeli.   

A acusação ainda questiona por que o hotel continuou aberto em pleno inverno, apesar do risco de uma avalanche iminente. A quarta e última linha apura os motivos para o governo de Abruzzo não ter feito o mapeamento das zonas de risco.   

Cronologia - O resgate dos nove sobreviventes - outros dois haviam escapado porque estavam fora do hotel - e dos 29 corpos no Rigopiano durou vários dias, mas a tragédia se consumou em poucos segundos.   

Em 18 de janeiro, a região de Abruzzo, no centro da Itália, sofria com uma violenta tempestade de neve e terremotos em sequência. A área do hotel fora sacudida por três sismos de magnitudes superiores a 5.0 na escala Richter.   

Os hóspedes do Rigopiano, completamente isolados pelas nevascas, queriam ir embora, enquanto o proprietário, Roberto Del Rosso, enviava repetidas solicitações de socorro. Entre 16h30 e 16h50, uma avalanche atingiu em cheio a estrutura e a arrastou por vários metros.   

Às 17h08, o hóspede Giampiero Parete, que fora a seu carro buscar um remédio para a esposa, avisou o 118 (serviço de emergência italiano) sobre a avalanche e a destruição do hotel.   

Às 17h10, a província de Pescara telefonou ao Rigopiano, mas ninguém atendeu.   

Meia hora depois, uma servidora conseguiu falar com o diretor do hotel, Bruno Di Tommaso, que estava em Pescara e disse não saber de nada. Às 18h03, Parete telefonou para seu chefe, Quintino Marcella, que fez várias chamadas aos serviços de socorro.   

Às 18h08 e 18h20, Marcella falou com uma funcionária da província, mas, nos dois casos, ouviu que a notícia sobre a avalanche era um "alarme falso". A Proteção Civil só acreditou na história do deslizamento às 18h57, quase duas horas depois do primeiro telefonema. Ainda assim, por causa do mau tempo, os primeiros socorristas chegaram ao hotel apenas às 4h25 de 19 de janeiro. (ANSA)
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