Eleições/Wálter Fanganiello, candidato à Câmara da Itália
SÃO PAULO, 21 FEV (ANSA) - O magistrado Wálter Fanganiello Maierovitch disputa as eleições italianas pela primeira vez, e por uma coalizão também estreante, a Livres e Iguais (LeU), de esquerda.
Formado em direito e ciências sociais pela Universidade de São Paulo (SP), o candidato foi desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e se aposentou em 1998, ao assumir a secretaria de combate às drogas do governo Fernando Henrique Cardoso.
Fanganiello fundou o Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais e também foi professor universitário, além de atuar como articulista e comentarista em veículos de imprensa brasileiros.
As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que o senhor propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio? Nós precisamos apostar em um "Sistema Itália" melhor, Veja o que aconteceu com relação, às vezes, ao problema da carne. Devemos lembrar que a bresaola italiana é feita com carne brasileira total. Então nós precisamos criar instrumentos para evitar flutuações de mercado com notícias e informações. E nós precisamos, evidentemente, desenvolver isso reforçando cada vez mais o "made in Italy", mas isso é um problema que não se pode resolver um candidato, mas simplesmente o partido. E nosso partido, Liberi e Uguali, está interessadíssimo em dar sinergia ao "Sistema Itália".
Qual é a proposta do senhor para aproximar Brasil e Itália na cultura e do turismo? O primeiro ponto e que me parece fundamental é essa distância entre representante e representado, entre o que foi eleito e seu colégio de votantes. Isso é fundamental. Então há a necessidade de se estabelecer - e nós vamos fazer isso - uma rede de comunicação 24 horas. Não é votar e se separar. A necessidade de ter sempre um ouvido aberto aos nós de rede do nosso sistema, sistema Fanganiello-Rizzioli. Qual seja, ter o que as pessoas estão querendo e pensando, para que se faça um juízo e para que se possa atuar mais rapidamente. Nós temos preocupações, por exemplo, com as filas e etc.
Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações com o Brasil e vice-versa? Sem dúvida, e esse é um papel fundamental de um deputado e de um senador. Eu não diria que Matteo Renzi veio por causa da Olimpíada, ele veio por causa do referendo. Então havia um interesse, e ele veio. Um interesse político. Agora, quem tem que mostrar sempre um interesse político é o deputado e o senador e com o apoio do seu partido. Não se pode um deputado ou senador "riscaldare sedie", esquentar cadeiras, precisa ser atuante. Há a necessidade, evidentemente, de conhecer a língua italiana, a cultura italiana. Não podemos mais eleger quem não sabe nada e quem não pode intervir no Parlamento porque não conhece a língua.
As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália? Eu não tenho uma "palla magica", uma esfera de cristal. A situação do Brasil não está definida a ponto de a gente dar esse passo, fazer essa avaliação. Nós estamos em uma instabilidade política muito difícil, mas, evidentemente, precisamos acompanhar também o cenário italiano. Teremos maioria? Algum partido terá maioria para governar? Se não tiver maioria, como se vai fazer? Vamos ter de novo um governo técnico como aconteceu com o Mario Monti? O que se vai fazer? Agora, o que é importante é um representante da América do Sul sempre conhecer os problemas da América do Sul e lutar pelos italianos que estão fora.
O senhor é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro? Não só sou a favor, como sou um protagonista nessa luta pela extradição. Eu tenho mais de 300 artigos escritos, comentários na rádio CBN que eu faço e, mais do que isso, uma briga direta com o então ministro da Justiça Tarso Genro - atenção pelo nome -, que simplesmente apontava a Itália naquele tempo como um regime fascista, e a Itália tinha como presidente um socialista.
Quer dizer, a desinformação, o descompromisso... E a Corte Constitucional Europeia, sediada em Estrasburgo, França, deixou claro: quando há episódio de sangue, não se pode falar de crime político.
Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que o senhor pensa dessa visão? Essa decisão do presidente da República, que foi o presidente Lula, que foi dada no seu último dia de mandato, sob muita pressão, é uma decisão administrativa, sujeita ao que os romanos chamavam de cláusula "rebus sic stantibus", ou seja, ela pode ser alterada no interesse político pelo novo presidente. Vamos esperar o que o presidente Temer vai decidir a respeito, uma vez que eu tenho certeza que o Supremo Tribunal Federal, que já julgou o caso, vai manter a sua decisão, e nem pode fazer o contrário. (Continua)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Formado em direito e ciências sociais pela Universidade de São Paulo (SP), o candidato foi desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e se aposentou em 1998, ao assumir a secretaria de combate às drogas do governo Fernando Henrique Cardoso.
Fanganiello fundou o Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais e também foi professor universitário, além de atuar como articulista e comentarista em veículos de imprensa brasileiros.
As trocas comerciais entre Brasil e Itália caíram mais de 30% desde 2013, ano das últimas eleições legislativas italianas. O que o senhor propõe para recuperar as relações entre os dois países no âmbito do comércio? Nós precisamos apostar em um "Sistema Itália" melhor, Veja o que aconteceu com relação, às vezes, ao problema da carne. Devemos lembrar que a bresaola italiana é feita com carne brasileira total. Então nós precisamos criar instrumentos para evitar flutuações de mercado com notícias e informações. E nós precisamos, evidentemente, desenvolver isso reforçando cada vez mais o "made in Italy", mas isso é um problema que não se pode resolver um candidato, mas simplesmente o partido. E nosso partido, Liberi e Uguali, está interessadíssimo em dar sinergia ao "Sistema Itália".
Qual é a proposta do senhor para aproximar Brasil e Itália na cultura e do turismo? O primeiro ponto e que me parece fundamental é essa distância entre representante e representado, entre o que foi eleito e seu colégio de votantes. Isso é fundamental. Então há a necessidade de se estabelecer - e nós vamos fazer isso - uma rede de comunicação 24 horas. Não é votar e se separar. A necessidade de ter sempre um ouvido aberto aos nós de rede do nosso sistema, sistema Fanganiello-Rizzioli. Qual seja, ter o que as pessoas estão querendo e pensando, para que se faça um juízo e para que se possa atuar mais rapidamente. Nós temos preocupações, por exemplo, com as filas e etc.
Nos últimos anos, apenas um primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, veio ao Brasil, e por causa das Olimpíadas. A Itália negligenciou as relações com o Brasil e vice-versa? Sem dúvida, e esse é um papel fundamental de um deputado e de um senador. Eu não diria que Matteo Renzi veio por causa da Olimpíada, ele veio por causa do referendo. Então havia um interesse, e ele veio. Um interesse político. Agora, quem tem que mostrar sempre um interesse político é o deputado e o senador e com o apoio do seu partido. Não se pode um deputado ou senador "riscaldare sedie", esquentar cadeiras, precisa ser atuante. Há a necessidade, evidentemente, de conhecer a língua italiana, a cultura italiana. Não podemos mais eleger quem não sabe nada e quem não pode intervir no Parlamento porque não conhece a língua.
As eleições de outubro no Brasil podem facilitar a retomada das relações com a Itália? Eu não tenho uma "palla magica", uma esfera de cristal. A situação do Brasil não está definida a ponto de a gente dar esse passo, fazer essa avaliação. Nós estamos em uma instabilidade política muito difícil, mas, evidentemente, precisamos acompanhar também o cenário italiano. Teremos maioria? Algum partido terá maioria para governar? Se não tiver maioria, como se vai fazer? Vamos ter de novo um governo técnico como aconteceu com o Mario Monti? O que se vai fazer? Agora, o que é importante é um representante da América do Sul sempre conhecer os problemas da América do Sul e lutar pelos italianos que estão fora.
O senhor é a favor da extradição de Cesare Battisti pelo governo brasileiro? Não só sou a favor, como sou um protagonista nessa luta pela extradição. Eu tenho mais de 300 artigos escritos, comentários na rádio CBN que eu faço e, mais do que isso, uma briga direta com o então ministro da Justiça Tarso Genro - atenção pelo nome -, que simplesmente apontava a Itália naquele tempo como um regime fascista, e a Itália tinha como presidente um socialista.
Quer dizer, a desinformação, o descompromisso... E a Corte Constitucional Europeia, sediada em Estrasburgo, França, deixou claro: quando há episódio de sangue, não se pode falar de crime político.
Os defensores de Battisti acusam a Itália de tentar interferir nas instituições do Brasil ao pedir novamente sua extradição, mesmo depois das decisões tomadas pelo presidente da República (Lula) e pelo Supremo Tribunal Federal. O que o senhor pensa dessa visão? Essa decisão do presidente da República, que foi o presidente Lula, que foi dada no seu último dia de mandato, sob muita pressão, é uma decisão administrativa, sujeita ao que os romanos chamavam de cláusula "rebus sic stantibus", ou seja, ela pode ser alterada no interesse político pelo novo presidente. Vamos esperar o que o presidente Temer vai decidir a respeito, uma vez que eu tenho certeza que o Supremo Tribunal Federal, que já julgou o caso, vai manter a sua decisão, e nem pode fazer o contrário. (Continua)
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