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Eleições/Wálter Fanganiello, candidato à Câmara da Itália(2)

21/02/2018 14h39

SÃO PAULO, 21 FEV (ANSA) - A comunidade de ítalo-descendentes no Brasil reclama bastante das filas para reconhecimento de cidadania nos consulados. O que o senhor propõe para melhorar essa situação? Bom, em primeiro lugar, isso é um escárnio. Juridicamente, é o jus sanguinis, esse é o primeiro ponto, e o básico, o que dá a cidadania. Não se cria uma cidadania como reconhecimento, isso é mera formalidade. E não se pode esperar por uma mera formalidade anos e anos. Como também não se pode, não se pode, é odioso, odioso, se cobrar taxa para reconhecimento de cidadania. Nós criamos 300 euros de taxa que o Partido Democrático impôs e, absurdo, gera o quê? Cidadãos italianos de primeira classe e cidadãos italianos de segunda classe. E mais do que isso: basta a gente pegar o catálogo telefônico, ver tantos nomes italianos que, por ganharem um salário mínimo, por ganharem pouco, não podem alcançar a cidadania porque não têm os 300 euros. É um escárnio, uma vergonha.   

O senhor é a favor da imposição de um limite de geração à concessão de cidadania jus sanguinis, como propôs um senador italiano no fim do ano passado? Isso eu chamei já em vários escritos de uma tendência racista. O sangue não se vai depurando, não se vai acabando, é a raiz, a necessidade de se preservar a italianidade, isso é que precisa.   

E se a gente nessa luta, na nossa luta, minha, Wálter, e da Silvana Rizzioli, nossa luta é pela italianidade, não morrer nunca. E se a gente estabelece limites geracionais, nós vamos perder a italianidade.   

Um dos projetos que ficaram pendentes na última legislatura italiana foi o do jus soli. Se eleito, o senhor defenderá a aprovação dessa lei? Eu sou um humanista, eu tenho descendência italiana, e minha mãe nasceu no Brasil e é brasileira, sem deixar de ser italiana.   

Isso foi uma integração maravilhosa no Brasil, com ótimos resultados. Se não houvesse isso, eu tivesse só o lado italiano, eu não poderia ser o que eu fui na vida. Eu não poderia servir o Exército, que eu servi, o serviço militar. Eu não seria um magistrado, como eu fui. E eu não seria ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, quer dizer, ministro de Estado, do Estado brasileiro.   

Nos últimos anos, a Itália foi destino de um dos maiores deslocamentos em massa desde a Segunda Guerra Mundial. Qual, na visão do senhor, deve ser a postura do governo para lidar com a crise migratória e de refugiados no Mediterrâneo? Veja, nós temos que ter uma posição humanitária. O jus soli cultural, que o meu partido, Liberi e Uguali, prega, é adequado, inclusive, ela bate, ela está conforme a doutrina do nosso humanista papa Francisco.   

Quem é o candidato ou candidata do senhor a primeiro-ministro nas eleições de março? O magistrado, não político, antimáfia, que já sofreu atentado e com o qual eu já trabalhei, chamado Pietro Grasso. O Pietro Grasso foi um excepcional senador, mas mais do que tudo, é uma reserva moral da Itália. (ANSA)
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