Papa envia carta a chilenos e admite 'vergonha' por abusos
O papa Francisco enviou uma carta ao povo do Chile sobre o escândalo de pedofilia que abalou a imagem da Igreja Católica no país, na qual admite sentir "vergonha" por não ter reagido às denúncias a tempo.
A correspondência é mais um mea culpa do Pontífice, enquanto as vítimas aguardam as prometidas medidas concretas contra sacerdotes envolvidos em casos de abuso. "Como Igreja, não podíamos continuar caminhando, ignorando a dor de nossos irmãos", escreveu o Papa, acrescentando que o "conflito" precisa ser "resolvido" e transformado em "uma nova estrada".
"Acho que aqui esteja um de nossos principais defeitos e omissões: não saber escutar as vítimas. Foram tiradas conclusões parciais, nas quais faltavam elementos cruciais para um discernimento saudável e claro. Com vergonha, devo dizer que não ouvimos e não reagimos a tempo", reforçou Jorge Bergoglio.
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O escândalo no Chile gira em torno do padre Fernando Karadima, 87 anos, condenado pelo próprio Vaticano por violência sexual contra menores. No entanto, suas vítimas também acusam o bispo de Osorno, Juan Barros, e o arcebispo emérito de Santiago, Francisco Javier Errázuriz, de terem acobertado as denúncias.
Em viagem recente ao Chile, em janeiro, o Papa chegou a dizer que as acusações contra Barros eram "calúnias", revoltando as vítimas e provocando críticas até de aliados, como o cardeal norte-americano Sean O'Malley, chefe de uma comissão antipedofilia do Vaticano.
Desde então, Francisco se desculpou com as vítimas em diversas ocasiões e mandou o arcebispo de Malta, Charles Scicluna, para aprofundar as investigações no Chile. A missão culminou em um relatório de 2,3 mil páginas e que fez o Papa reconhecer "graves erros de avaliação" sobre o escândalo.
Em seguida, o Pontífice recebeu três vítimas de Karadima e os membros do episcopado chileno, que apresentaram uma renúncia coletiva. Nos próximos dias, Scicluna voltará ao Chile com o padre Jordi Bertomeu, oficial da Congregação para a Doutrina da Fé.
A missão terá como foco a diocese de Osorno, onde trabalha Juan Barros.
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