Vaticano critica nova política migratória da Itália
CIDADE DO VATICANO, 27 JUN (ANSA) - O Vaticano fez nesta quarta-feira (27) uma dura crítica implícita ao governo da Itália e afirmou que é "inaceitável" usar navios "carregados de seres humanos" para defender "posições políticas".
Como o papa Francisco, pessoalmente, evita se envolver em questões internas das nações, a tarefa de desafiar as novas políticas migratórias de Roma coube ao substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Angelo Becciu.
Em entrevista à ANSA, ele reconheceu ser "injusto" que os países do Mediterrâneo, como Itália e Grécia, assumam todo o peso do acolhimento de deslocados externos, mas ressaltou que as lideranças não devem fazer política sobre a pele de migrantes e refugiados.
"Usar navios carregados de seres humanos para avançar posições políticas é inaceitável", declarou Becciu, citando ainda palavras do Pontífice: "Os imigrantes são seres humanos, e não números". "Pode ser impopular hoje defender os marginalizados, mas nem o Papa nem a Igreja podem faltar com sua missão", acrescentou.
O novo ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, endureceu as políticas migratórias do governo e fechou os portos do país para navios de ONGs que fazem operações de resgate no Mediterrâneo, em uma tentativa de obrigar outros Estados-membros da União Europeia a acolhê-los.
O primeiro deles, o Aquarius, da SOS Méditerranée, teve de navegar mais de mil quilômetros até a Espanha, enquanto o outro, da entidade alemã Lifeline, atracou nesta quarta-feira em Malta, país insular que fica entre a África e a Sicília. Ao todo, os dois salvaram quase 900 pessoas.
A Itália é o 43º país do mundo que mais acolhe refugiados e solicitantes de refúgio em números relativos e o 16º em cifras absolutas, segundo os dados do último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur): 354 mil, o que equivale a 0,58% de sua população.
Na União Europeia, a Itália é a 11º em números relativos, atrás de Suécia, Malta, Áustria, Chipre, Alemanha, Grécia, Dinamarca, Holanda, Luxemburgo e França, nesta ordem. Em 2018, de acordo com o Ministério do Interior, 16.551 deslocados externos chegaram em solo italiano, queda de 77,39% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No entanto, apesar do arrefecimento da crise migratória no Mediterrâneo e de outros países da UE e do mundo enfrentarem situações mais delicadas, o discurso anti-imigrantes continua rendendo popularidade na Itália, como mostram as recentes vitórias da Liga, partido de Salvini, nas eleições municipais.
(ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Como o papa Francisco, pessoalmente, evita se envolver em questões internas das nações, a tarefa de desafiar as novas políticas migratórias de Roma coube ao substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Angelo Becciu.
Em entrevista à ANSA, ele reconheceu ser "injusto" que os países do Mediterrâneo, como Itália e Grécia, assumam todo o peso do acolhimento de deslocados externos, mas ressaltou que as lideranças não devem fazer política sobre a pele de migrantes e refugiados.
"Usar navios carregados de seres humanos para avançar posições políticas é inaceitável", declarou Becciu, citando ainda palavras do Pontífice: "Os imigrantes são seres humanos, e não números". "Pode ser impopular hoje defender os marginalizados, mas nem o Papa nem a Igreja podem faltar com sua missão", acrescentou.
O novo ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, endureceu as políticas migratórias do governo e fechou os portos do país para navios de ONGs que fazem operações de resgate no Mediterrâneo, em uma tentativa de obrigar outros Estados-membros da União Europeia a acolhê-los.
O primeiro deles, o Aquarius, da SOS Méditerranée, teve de navegar mais de mil quilômetros até a Espanha, enquanto o outro, da entidade alemã Lifeline, atracou nesta quarta-feira em Malta, país insular que fica entre a África e a Sicília. Ao todo, os dois salvaram quase 900 pessoas.
A Itália é o 43º país do mundo que mais acolhe refugiados e solicitantes de refúgio em números relativos e o 16º em cifras absolutas, segundo os dados do último relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur): 354 mil, o que equivale a 0,58% de sua população.
Na União Europeia, a Itália é a 11º em números relativos, atrás de Suécia, Malta, Áustria, Chipre, Alemanha, Grécia, Dinamarca, Holanda, Luxemburgo e França, nesta ordem. Em 2018, de acordo com o Ministério do Interior, 16.551 deslocados externos chegaram em solo italiano, queda de 77,39% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No entanto, apesar do arrefecimento da crise migratória no Mediterrâneo e de outros países da UE e do mundo enfrentarem situações mais delicadas, o discurso anti-imigrantes continua rendendo popularidade na Itália, como mostram as recentes vitórias da Liga, partido de Salvini, nas eleições municipais.
(ANSA)
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