Mulheres rohingyas dão à luz 'filhos da dor e da vergonha'
BANGKOK, 06 JUL (ANSA) - Jovens rohingyas estão começando a dar à luz, em meio ao sofrimento e à desesperança. São bebês concebidos sob vergonhas e violações, vidas que chegam ao mundo e são prova dos padecimentos atrozes dessa minoria muçulmana.
Os terríveis abusos sofridos durante a ofensiva das Forças Armadas de Myanmar entre agosto e setembro do ano passado, que obrigou 700 mil rohingyas a fugirem para Bangladesh, foram uma das marcas mais odiosas do que a ONU chamou de "um exemplo de manual de limpeza étnica".
Dez meses depois, nos campos de refugiados amontoados no lado bengalês da fronteira, começam a se ver os resultados desses abusos atrozes: crianças nascidas de mães que ainda estão traumatizadas, às vezes menores de idade, além de sofrerem a vergonha da marginalização pela sua comunidade.
Uma investigação da imprensa norte-americana nos campos de refugiados rohingyas conta a história de 10 jovens mulheres que aceitaram relatar seu drama com a garantia de se manter no anonimato.
Uma delas ficou grávida após uma violação de um grupo quando tinha 13 anos. Outra se fechou em sua cabana, tentando comprimir a barriga com lenços amarrados o mais fortemente possível. Uma terceira deu à luz com um pano na boca, para evitar que se escutassem seus gritos e ocultar sua dor.
Somente uma minoria está disposta a publicar sua história. "Faço isso porque quero justiça", disse uma delas. Os números oficiais sobre o fenômeno são difíceis de compilar, dada a relutância de muitas mães em contar sua experiência.
As ONGs nos acampamentos informam que várias mulheres interromperam a gravidez com pílulas, colocando a própria vida em risco. Perder a virgindade, além do tabu da violência sexual e com um filho de outro sangue, torna-as ignoradas pelos homens rohingyas que buscam uma esposa. E por essa razão, algumas delas querem se desfazer das crianças nascidas de um abuso.
Para enfrentar a crise, organizações como Unicef e Save the Children encontraram algumas famílias da etnia dispostas a adotarem 10 crianças não desejadas no momento. Também nasceram sem pátria e, como a grande maioria dos refugiados nos campos, provavelmente nunca retornarão a Myanmar.
As autoridades birmanesas sempre rejeitaram as acusações de "limpeza étnica", e somente alguns poucos soldados foram castigados em relação a uma específica morte em massa de rohingyas.
As acusações de violência sexual são desmentidas ainda mais categoricamente, até porque os budistas birmaneses costumam descrever os rohingyas com adjetivos que demonstram desgosto.
Marcadas para sempre pelos traumas sofridos, para as novas mães rohingyas o reconhecimento dos abusos sofridos provavelmente nunca chegará. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Os terríveis abusos sofridos durante a ofensiva das Forças Armadas de Myanmar entre agosto e setembro do ano passado, que obrigou 700 mil rohingyas a fugirem para Bangladesh, foram uma das marcas mais odiosas do que a ONU chamou de "um exemplo de manual de limpeza étnica".
Dez meses depois, nos campos de refugiados amontoados no lado bengalês da fronteira, começam a se ver os resultados desses abusos atrozes: crianças nascidas de mães que ainda estão traumatizadas, às vezes menores de idade, além de sofrerem a vergonha da marginalização pela sua comunidade.
Uma investigação da imprensa norte-americana nos campos de refugiados rohingyas conta a história de 10 jovens mulheres que aceitaram relatar seu drama com a garantia de se manter no anonimato.
Uma delas ficou grávida após uma violação de um grupo quando tinha 13 anos. Outra se fechou em sua cabana, tentando comprimir a barriga com lenços amarrados o mais fortemente possível. Uma terceira deu à luz com um pano na boca, para evitar que se escutassem seus gritos e ocultar sua dor.
Somente uma minoria está disposta a publicar sua história. "Faço isso porque quero justiça", disse uma delas. Os números oficiais sobre o fenômeno são difíceis de compilar, dada a relutância de muitas mães em contar sua experiência.
As ONGs nos acampamentos informam que várias mulheres interromperam a gravidez com pílulas, colocando a própria vida em risco. Perder a virgindade, além do tabu da violência sexual e com um filho de outro sangue, torna-as ignoradas pelos homens rohingyas que buscam uma esposa. E por essa razão, algumas delas querem se desfazer das crianças nascidas de um abuso.
Para enfrentar a crise, organizações como Unicef e Save the Children encontraram algumas famílias da etnia dispostas a adotarem 10 crianças não desejadas no momento. Também nasceram sem pátria e, como a grande maioria dos refugiados nos campos, provavelmente nunca retornarão a Myanmar.
As autoridades birmanesas sempre rejeitaram as acusações de "limpeza étnica", e somente alguns poucos soldados foram castigados em relação a uma específica morte em massa de rohingyas.
As acusações de violência sexual são desmentidas ainda mais categoricamente, até porque os budistas birmaneses costumam descrever os rohingyas com adjetivos que demonstram desgosto.
Marcadas para sempre pelos traumas sofridos, para as novas mães rohingyas o reconhecimento dos abusos sofridos provavelmente nunca chegará. (ANSA)
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