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Ex-presidente da Catalunha voltará para a Bélgica

25/07/2018 18h40

BERLIM, 25 JUL (ANSA) O ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont disse nesta quarta-feira (25) que pretende estabelecer um "Conselho da República Catalã na Bélgica", de onde trabalhará para a realização de um referendo independentista que incluiria também territórios da França.   

Depois de a Justiça alemã ter se recusado a extraditá-lo pelo crime de rebelião, Puigdemont viajará neste sábado (28) para Waterloo, na Bélgica, onde diz ter "a Casa da República". "Temos [os catalães] que trabalhar no Conselho da República. Minha vontade é continuar o mandato do povo", declarou em entrevista coletiva realizada em Berlim.   

Na cidade belga, o líder catalão tem uma casa alugada que será sua base de operações, assim como a de três conselheiros que fugiram da Espanha após a declaração de independência catalã, realizada no último dia 27 de outubro.   

Em março, Puigdemont convocou uma entrevista coletiva na Finlândia para relatar os passos seguintes do movimento e foi detido em uma estrada alemã enquanto voltava à Bélgica de carro, atendendo a uma ordem de prisão europeia emitida pelo governo espanhol.   

A Justiça alemã decidiu na semana passada não extraditar Puigdemont pelos crimes de rebelião e separatismo, somente pelo delito de mau uso de recursos públicos, mas a ordem de prisão internacional foi retirada pelo juiz espanhol Pablo Llarena.   

Puigdemont agora pode viajar livremente por todo o território da União Europeia, exceto pela Espanha, onde ainda pesa contra ele um mandado de prisão nacional. Após não poder ser empossado como presidente da Catalunha, Puigdemont elegeu seu sucessor, Quim Torra, que considera Puigdemont o "presidente legítimo" da região e até agora não assumiu o cargo.   

"Não sei se passarei 20 anos até pisar novamente em solo espanhol, o que sei é que não vou esperar por 20 anos para pisar outra vez no solo catalão", disse o líder separatista, que considera parte da França como Catalunha.   

O ex-presidente pediu à Justiça espanhola que permita sua volta e a de seus conselheiros ao país e que libertem os oito políticos independentistas que estão em prisão provisória pelas mesmas acusações que pesam sobre Puigdemont.   

O líder catalão disse que sua prioridade agora é um "referendo acordado" com o governo espanhol sobre a independência da Catalunha. "É preciso respeitar a vontade de um povo, deixar que decida sobre seu futuro, seu destino. Essa é a essência da democracia", disse Puigdemont.   

O governo espanhol, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, rechaça a realização da votação, assim como fez seu antecessor, Mariano Rajoy, com o argumento de que tal eleição não estaria prevista na Constituição espanhola.   

Puigdemont sustenta que "não há um só preceito na Constituição que proíba a celebração de um referendo". "Isso se trata de uma vontade política. Em uma visão aberta da Constituição, cabe um referendo na Catalunha", defende.   

O ex-presidente ainda diz que uma Catalunha independente seria "totalmente viável economicamente" já que, segundo aponta, a região "cresceu em ritmo mais acelerado que as economias da Espanha e da zona do euro e as exportação voltaram a bater recordes". (ANSA)
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