Topo

Após ataque a atleta, Salvini nega 'emergência racista'

30/07/2018 09h45

TURIM, 30 JUL (ANSA) - Uma atleta italiana negra de lançamento de disco, Daisy Osakue, de 22 anos, foi alvo de um ataque na madrugada desta segunda-feira (30), enquanto voltava para casa em Moncalieri, na região metropolitana de Turim.   


Osakue, que é filha de pais nigerianos, mas nasceu e passou a vida inteira na Itália, foi atingida no olho por um ovo atirado de um carro em movimento e teve de ser levada a um hospital oftalmológico. "Por sorte, foi só um machucado. Alguns dias de repouso, algumas gotas de colírio e devo ficar bem", afirmou a atleta.   


A polícia ainda não confirma a motivação racista da agressão, mas Osakue não tem dúvidas de que foi atacada por ser negra.   


"Fizeram de propósito. Não queriam me atingir como Daisy, mas como uma garota negra. Eu já tinha sofrido episódios de racismo, mas apenas verbal. Quando se passa à ação, significa que se superou outra barreira", disse.   


Segundo investigadores, outros episódios de lançamentos de ovos na contra Osakue já haviam sido denunciados nos últimos dias. "A agressão à atleta azzurra Daisy Osakue é um ato indigno que condenamos com firmeza, quem o fez deve sentir vergonha perante todo o país", diz uma nota do Movimento 5 Estrelas (M5S), maior partido da base aliada do primeiro-ministro Giuseppe Conte.   


"Espero encontra-la e vê-la competindo o mais rápido possível.   


Todas as agressões devem ser condenadas e punidas, estarei sempre ao lado de quem sofre violência", afirmou o ministro do Interior Matteo Salvini, que, no entanto, disse ser uma "besteira" a ideia de que há uma "emergência de racismo" na Itália.   


Osakue é tida como uma promessa do atletismo italiano e já tem a quarta melhor marca na história do país no lançamento de disco, com 59,72 metros. Entre 6 e 12 de agosto, ela participará do Campeonato Europeu em Berlim, na Alemanha.   


A jovem treina nos Estados Unidos, após ter sido convidada pelo treinador de uma universidade no Texas. Seu pai foi judoca, enquanto sua mãe jogava handebol.   


Casos recorrentes - A Itália tem convivido com recorrentes casos de agressão contra minorias, desde imigrantes e refugiados até ciganos. Na última quinta (26), um homem de 33 anos originário de Cabo Verde e que trabalha como operário em Vicenza foi atingido por um disparo com arma de ar comprimido enquanto estava em um andaime a sete metros de altura.   


Já em Caserta, um solicitante de refúgio foi acertado no rosto, também por uma pistola de ar comprimido. Ambos passam bem. Uma menina cigana de 13 meses, no entanto, não teve a mesma sorte: ela foi atingida por um tiro de fuzil de ar comprimido disparado por um aposentado da varanda de seu apartamento, em Roma.   


A criança não corre risco de morrer, mas pode ficar paraplégica.   


O caso fez o presidente da Itália, Sergio Mattarella, vir a público para dizer que o país está virando um "faroeste". Além disso, no sábado (28), um solicitante de refúgio senegalês de 19 anos foi espancado enquanto trabalhava em um bar na província de Palermo e chamado de "negro sujo". (ANSA)
Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.