Mercado tem dia de caos na Itália com aumento do déficit
MILÃO E ROMA, 28 SET (ANSA) - O mercado financeiro vive um dia de tensão na Itália nesta sexta-feira (28), após o governo ter decidido aumentar o déficit fiscal do país para 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) pelos próximos três anos.
O FTSE MIB, principal índice da Bolsa Italiana, em Milão, acumula queda de mais de 3% no pregão desta sexta, puxada sobretudo pelo desempenho negativo de bancos. Já o spread entre os títulos da dívida pública da Itália e da Alemanha ultrapassou a barreira de 280 pontos, alta de quase 20%.
Esse indicador é usado como reflexo da confiança dos investidores no mercado italiano: quanto mais alto o spread, maiores o risco e os juros dos títulos da dívida do país. O ministro de Finanças Giovanni Tria era contra o aumento do déficit, mas acabou cedendo às pressões dos vice-primeiros-ministros Luigi Di Maio (M5S) e Matteo Salvini (Liga), os líderes de facto do governo.
O índice está abaixo dos 3% exigidos pelo Pacto de Estabilidade da União Europeia, mas, no caso específico da Itália, que tem a segunda maior dívida da zona do euro (mais de 130% do PIB), Bruxelas pedia que o déficit ficasse pouco acima de 1%, para evitar uma explosão do débito.
Ainda assim, a UE preferiu não entrar em polêmica por enquanto.
"É verossímil que o déficit estrutural da Itália aumentará, mas não temos interesse em abrir uma crise entre a Comissão Europeia e a Itália", disse o comissário do bloco para Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici.
Di Maio, que também é ministro do Trabalho, seguiu na mesma linha. "Considero a intervenção de Moscovici interlocutória. As preocupações são legítimas, mas o governo se empenhou em manter o déficit em 2,4% do PIB e queremos pagar a dívida", garantiu, acrescentando que "o débito cairá".
A oposição, por sua vez, já pinta um cenário de calamidade. "O problema é a deriva venezuelana que estamos arriscando, o problema é que estão brincando com os italianos", afirmou o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.
Orçamento - O aumento do déficit é a única forma encontrada por Liga e M5S para financiar suas promessas eleitorais já a partir do ano que vem. A lei orçamentária de 2019 deve separar 10 bilhões de euros para a chamada "renda de cidadania" e a criação de um piso de 780 euros para aposentadorias.
Essas duas medidas, segundo o governo, devem beneficiar cerca de 6,5 milhões de pessoas que vivem na pobreza. Além disso, modifica a lei previdenciária italiana, introduzindo a chamada "cota 100", que permite a aposentadoria quando o trabalhador atinge 100 anos na soma de sua idade com o tempo de contribuição.
Também estão previstos um fundo de 1,5 bilhão de euros para ressarcir poupadores prejudicados por quebras de bancos, medidas para renegociar dívidas fiscais de contribuintes e a redução do imposto de renda. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
O FTSE MIB, principal índice da Bolsa Italiana, em Milão, acumula queda de mais de 3% no pregão desta sexta, puxada sobretudo pelo desempenho negativo de bancos. Já o spread entre os títulos da dívida pública da Itália e da Alemanha ultrapassou a barreira de 280 pontos, alta de quase 20%.
Esse indicador é usado como reflexo da confiança dos investidores no mercado italiano: quanto mais alto o spread, maiores o risco e os juros dos títulos da dívida do país. O ministro de Finanças Giovanni Tria era contra o aumento do déficit, mas acabou cedendo às pressões dos vice-primeiros-ministros Luigi Di Maio (M5S) e Matteo Salvini (Liga), os líderes de facto do governo.
O índice está abaixo dos 3% exigidos pelo Pacto de Estabilidade da União Europeia, mas, no caso específico da Itália, que tem a segunda maior dívida da zona do euro (mais de 130% do PIB), Bruxelas pedia que o déficit ficasse pouco acima de 1%, para evitar uma explosão do débito.
Ainda assim, a UE preferiu não entrar em polêmica por enquanto.
"É verossímil que o déficit estrutural da Itália aumentará, mas não temos interesse em abrir uma crise entre a Comissão Europeia e a Itália", disse o comissário do bloco para Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici.
Di Maio, que também é ministro do Trabalho, seguiu na mesma linha. "Considero a intervenção de Moscovici interlocutória. As preocupações são legítimas, mas o governo se empenhou em manter o déficit em 2,4% do PIB e queremos pagar a dívida", garantiu, acrescentando que "o débito cairá".
A oposição, por sua vez, já pinta um cenário de calamidade. "O problema é a deriva venezuelana que estamos arriscando, o problema é que estão brincando com os italianos", afirmou o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.
Orçamento - O aumento do déficit é a única forma encontrada por Liga e M5S para financiar suas promessas eleitorais já a partir do ano que vem. A lei orçamentária de 2019 deve separar 10 bilhões de euros para a chamada "renda de cidadania" e a criação de um piso de 780 euros para aposentadorias.
Essas duas medidas, segundo o governo, devem beneficiar cerca de 6,5 milhões de pessoas que vivem na pobreza. Além disso, modifica a lei previdenciária italiana, introduzindo a chamada "cota 100", que permite a aposentadoria quando o trabalhador atinge 100 anos na soma de sua idade com o tempo de contribuição.
Também estão previstos um fundo de 1,5 bilhão de euros para ressarcir poupadores prejudicados por quebras de bancos, medidas para renegociar dívidas fiscais de contribuintes e a redução do imposto de renda. (ANSA)
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