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Pompeo pede transparência a rei saudita sobre jornalista

16/10/2018 09h57

RIAD, 16 OUT (ANSA) - O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, chegou a Riad, capital da Arábia Saudita, nesta terça-feira (16) para se encontrar com o rei do país árabe, Salman Bin Abdulaziz, e obter esclarecimentos sobre o desaparecimento do colunista do jornal norte-americano "Washington Post", Jamal Khashoggi. Após entrar no consulado saudita em Istambul para obter documentos de um divórcio no último dia 2, o jornalista não foi mais visto.   

Segundo a porta-voz do departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert, Pompeo "agradeceu ao rei saudita pelo empenho em uma investigação completa, transparente e imediata" do caso.   

Nesta quarta-feira (17), o representante norte-americano segue para Istambul, na Turquia, para acompanhar as investigações conjuntas entre autoridades sauditas e turcas. O prédio do consulado foi alvo de operações de busca pela primeira vez nessa segunda-feira (15). Antes do início dos trabalhos, no entanto, equipes de limpeza foram vistas entrando pela porta principal do prédio, com esfregões, desinfetantes e baldes.   

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta terça-feira (16) que a polícia constatou que algumas superfícies do prédio consular foram pintadas recentemente. "Minha esperança é de que nós possamos chegar a conclusões que vão nos levar a uma opinião razoável o mais rápido possível. A investigação está considerando muitas possibilidades, como o uso de materiais tóxicos que teriam sido removidos por meio da pintura", disse o mandatário a jornalistas. A polícia turca planeja executar novas buscas, na casa de Khashoggi, ainda nesta semana.   

Autoridades turcas alegam ter vídeos que comprovam que o jornalista foi interrogado e morto por uma equipe de 15 homens enviados por Riad, o que é negado pelo os sauditas, que não apresentaram outra versão para os fatos.   

A rede de televisão norte-americana "CNN" publicou reportagem nesta segunda-feira (15), que afirma que os sauditas estariam "prontos para emitir um comunicado" admitindo que o jornalista teria morrido dentro do consulado, em consequência de um interrogatório malsucedido.   

O "Washignton Post", por sua vez, afirma que a versão só seria divulgada após um acordo com as autoridades turcas, que definiria como a investigação iria prosseguir.   

A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para direitos humanos, Michele Bachelet, pediu nesta terça-feira (16) que seja revogada a imunidade diplomática das autoridades sauditas envolvidas no caso em Istambul, para que sejam investigadas pelo caso. "A imunidade não deve ser utilizada para impedir investigações", disse Bachelet.   

O caso já causou impactos econômicos, levando os bancos HSBC e Credit Suisse se juntarem à Ford e ao JP Morgan na lista de empresas que cancelaram participação no fórum econômico chamado de "Davos do deserto", que visa a atrair investimentos para a construção de uma cidade futurista na Arábia Saudita, com orçamento de 500 bilhões. (ANSA)
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