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Igreja vence 'disputa' por moedas da Fontana di Trevi

15/01/2019 14h09

ROMA, 15 JAN (ANSA) - Após uma polêmica envolvendo a cidade de Roma e a Igreja Católica, a prefeita da capital italiana, Virginia Raggi, encerrou a disputa pela moedas jogadas por turistas na Fontana di Trevi e decidiu manter o valor arrecadado no monumento destinado exclusivamente para a Caritas, organização religiosa beneficente. A decisão foi anunciada pela política do Movimento 5 Estrelas (M5S) nesta terça-feira (15) durante entrevista ao jornal italiano "L'Osservatore Romano".   

"A instituição diocesana faz uma tarefa importante para os mais necessitados e para a cidade de Roma, que quer continuar sendo a capital que ampara os mais pobres", afirmou.   

Raggi garantiu que as moedas permanecerão disponíveis para as atividades de caridade que atendem milhares de pessoas. "Ninguém jamais pensou em privar a Caritas desses fundos".   

Além disso, a prefeita anunciou também que a organização beneficente irá receber as moedas recolhidas de outras fontes da "cidade eterna", totalizando um valor de 200 mil euros. "Agradeço a cidade de Roma pela confiança que há 18 anos tem demonstrado pela Caritas e pelos fundos com os quais percebemos essa realidade e muitas outras coisas", agradeceu o diretor da entidade, padre Benoni Ambarus. Em um um telefonema "cordial" com Raggi, o religioso ressaltou que "esse dinheiro é um presente e não uma reivindicação".   

As moedinhas jogadas por turistas nas águas da fonte eternizada por Anita Ekberg em "La Dolce Vita", que anualmente totalizam cerca de 1,5 milhões de euros, gerou uma crise entre Roma e a Igreja Católica nos últimos dias.   

A prefeitura tinha o interesse de utilizar a verba para ajudar na "manutenção do patrimônio cultural" da cidade. A medida chegou a ser aprovada pelos vereadores municipais, mas foi considerada pelos bispos católicos como um ataque aos mais pobres. A mudança já estava prevista para entrar em vigor no próximo dia 1º de abril. No entanto, diversos apelos da Igreja e de italianos nas redes sociais fizeram Raggi reconsiderar sua decisão. A atitude de confiar à Caritas de Roma o dinheiro da fonte é datada de 2001, após um decreto do então prefeito da capital, Walter Veltroni. Desde então, a medida tem sido confirmada também pelas administrações sucessivas.   

As moedas são recolhidas diariamente por voluntários da entidade e usadas para financiar ajudas a sem-teto. A entidade ainda tem ajuda de casas de câmbio para trocar as divisas, incluindo reais, por euros. (ANSA)
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