JMJ começa com desafio de ajudar jovens a encontrar vocação

SÃO PAULO, 22 JAN (ANSA) - Por Luciana Ribeiro - Com o desafio de fazer os mais novos descobrirem o que têm a oferecer à sociedade e à Igreja, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) começa nesta terça-feira (22), no Panamá, e promete reunir mais de 375 mil fiéis. O papa Francisco chegará ao país nesta quarta (23) e permanecerá até 27 de janeiro, último dia da JMJ. "Será uma grande festa de fé", disse dom José Domingo Ulloa Mendieta, arcebispo do Panamá e principal responsável pelo evento.   

A Jornada da Juventude reúne milhares de católicos de todo o mundo, sobretudo jovens. Este é o maior evento religioso da Igreja - celebrado internacionalmente a cada três anos - e foi instituído pelo papa João Paulo II em 20 de dezembro de 1985.   

Neste ano, o encontro será realizado pela primeira vez em um país da América Central. O Panamá tem uma população de 3,6 milhões de pessoas, sendo a grande maioria católica.   

Segundo o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, a expectativa é de que a JMJ seja um "lugar de planejamento" para os jovens, com o objetivo de mostrar que o mundo foi mudado pela fé e evangelização e não "pela força, pelo poder, pela violência, pelo espetáculo".A JMJ 2019 será inspirada nas palavras "Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra" e tem como eixos principais a Virgem Maria e a Vocação.A Santa Sé quer que a "esperança e a confiança" sejam traduzidas como uma suposição de responsabilidade pelos jovens dentro de seu convívio social, ao praticarem uma atividade política em "serviço à comunidade" e se preocupar com o bem comum. A principal mensagem que o Papa deseja passar durante os seis dias é a de que os jovens precisam ser testemunhas da reconciliação e portadores da paz.   

"A Igreja e a sociedade precisam de vocês. Com as suas propostas, com a coragem que têm, com os seus sonhos e ideais, são derrubados os muros do imobilismo e são abertos caminhos que nos levam a um mundo melhor, mais justo, menos cruel e mais humano", disse Francisco em um vídeo.Durante a JMJ, além da cerimônia de abertura do encontro, da via-sacra, da vigília e da missa final, o Pontífice viverá dois momentos muito especiais: as confissões em um presídio juvenil e a visita a jovens com Aids. Em contato com milhares de fiéis, a Jornada Mundial da Juventude também dará fôlego ao argentino, que em fevereiro se reunirá com bispos do mundo todo para traçar novas regras para prevenção e combate à pedofilia na Igreja Católica. Acredita-se que a questão surja em um dos 10 discursos que o Papa fará no país centro-americano. Estrutura - A versão internacional do evento é realizada a cada três anos em uma cidade do mundo escolhida pelo Papa. Nos anos intermediários, a JMJ acontece nas dioceses locais, no Domingo de Ramos. Para cada Jornada, o Pontífice sugere um tema, retirado de um versículo bíblico. Além disso, o encontro conta com um hino baseado no tema, intercessores e um logotipo. Entre as atividades realizadas na JMJ, há catequeses, adorações, missas, momentos de oração, palestras, partilhas e shows.A JMJ do Panamá terá como centro de atividades a famosa "Cinta Costera", que é banhada pelo Oceano Pacífico. O local foi escolhido após um minucioso trabalho da Gendarmaria Vaticana e das autoridades panamenhas.   

A opção foi determinada de acordo com os pedidos do papa Francisco: sustentabilidade e sobriedade na preparação. A "Cinta Costera" é um terreno de 35 hectares na costa que margeia a baía do Panamá. Ela estende-se do Mercado do Marisco até a desembocadura do rio Matasnillo, em Punta Paitilla, e é um dos principais pontos turísticos da Cidade do Panamá. O local conta com amplas áreas verdes, cerca de sete quilômetros de calçadas com acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência, estacionamentos, banheiros e sistema de comunicação. No momento, há 150 mil pessoas inscritas para participar do evento, mas a expectativa é de que, além dos voluntários, cheguem ao país 250 mil jovens para a programação com Jorge Bergoglio.No Panamá, muitas famílias já estão acolhendo os peregrinos que participarão da JMJ. A atitude tem sido considerada fundamental para o sucesso do evento - Nicarágua e Costa Rica também ajudarão no acolhimento dos fiéis.   

Citado pela imprensa local, dom Ulloa afirmou que a região foi escolhida pelo líder católico por causa da realidade dos jovens das periferias, que jamais teriam a oportunidade de ir a um evento como esse. Além disso, para o arcebispo, a jornada deste ano terá como principal desafio a tecnologia, pois essa é atualmente a linguagem da juventude. Edições passadas - A última Jornada Mundial da Juventude aconteceu em 2016, na cidade polonesa de Cracóvia, sob o tema "Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia".Na ocasião, com mais de um milhão de jovens presentes, Francisco pediu "coragem" a todos para ensinar os adultos "que é mais fácil construir pontes do que levantar muros".Já em 2013, a JMJ aconteceu no Rio de Janeiro, em julho, e foi a primeira viagem internacional do argentino como Papa da Igreja Católica, posto que assumiu em março do mesmo ano, após a renúncia de Bento XVI. O tema do encontro foi "Ide e fazei discípulos entre as nações! ". O evento reuniu cerca de 4 milhões de jovens, que foram orientados que quem evangeliza é evangelizado. As edições anteriores, em ordem cronológica, ocorreram em Roma, na Itália (1986); Buenos Aires, na Argentina (1987); Santiago de Compostela, na Espanha (1989); Czestochowa, na Polônia (1991); Denver, nos EUA (1993); Manila, nas Filipinas (1995); Paris, na França (1997); Roma (2000); Toronto, no Canadá (2002); Colônia, na Alemanha (2005); Sidney, na Austrália (2008); e Madri, na Espanha (2011).   

A expectativa, segundo relatos, é de que a próxima JMJ seja em 2022, em Lisboa, Portugal. (ANSA) Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.