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Itália tira escolta de jornalista ameaçado pela máfia

04/02/2019 12h06

ROMA, 04 FEV (ANSA) - O Ministério do Interior da Itália, chefiado por Matteo Salvini, determinou a retirada da escolta do jornalista napolitano Sandro Ruotolo, ameaçado de morte por um dos clãs mais poderosos da máfia Camorra.   

A notícia foi difundida pelo ex-ministro da Justiça Andrea Orlando, que prometeu questionar o governo no Parlamento sobre a questão. "Tiraram a escolta de Sandro Ruotolo, jornalista há muito tempo empenhado em investigações sobre as máfias", disse Orlando no último sábado (2).   

Em 2015, Ruotolo recebeu ameaças de morte em nome de Michele Zagaria, chefe do clã dos Casalesi e preso desde 2011, por conta de reportagens sobre o tráfico de resíduos tóxicos na Campânia, o berço da Camorra.   

"Eu só sei ser jornalista assim: estando nos bairros, contando, entrevistando, buscando a verdade. Gostaria de continuar a fazer isso", escreveu o jornalista no Facebook, evitando críticas ao governo. "Decidi não dizer nada pelo respeito que tenho pelas instituições", declarou.   

A Federação Nacional de Imprensa Italiana (FNSI) enviou um apelo pedindo ao primeiro-ministro Giuseppe Conte que reveja a decisão do Ministério do Interior. "Tirar a escolta seria uma escolha incompreensível, perigosa e que o colocaria em condições de não poder mais fazer seu trabalho", disse o sindicato.   

Já o ministro do Trabalho Luigi Di Maio, que, assim como Salvini, também é vice-premier, chamou nesta segunda-feira (4) a decisão do Interior de "absurda". "Hoje volto a Roma e me informarei para entender o que aconteceu. Se a decisão foi imprudente, Ruotolo merece a escolta, porque é um dos jornalistas dessa terra que lutam contra a criminalidade organizada e a Camorra", declarou Di Maio, que é napolitano.   

Logo após tomar posse, em junho, Salvini já havia insinuado que poderia tirar a escolta de outro jornalista, o escritor Roberto Saviano, autor do livro "Gomorra" e ameaçado de morte pala máfia napolitana. Pouco depois, ele recuou e disse que não cabe a ele decidir sobre a questão. O ministro ainda não se pronunciou sobre Ruotolo. (ANSA)
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