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'Devemos manter abertas todas as opções', diz Guaidó

24/02/2019 10h42

CÚCUTA, 24 FEV (ANSA) - Após a fracassada tentativa de levar ajuda humanitária à Venezuela, o autoproclamado presidente Juan Guaidó afirmou na noite deste sábado (23) que a comunidade internacional não deve descartar nenhuma opção para derrubar o regime de Nicolás Maduro, em um aceno para uma ação armada.   

Em seu perfil no Twitter, Guaidó disse que os acontecimentos deste sábado o "obrigaram" a tomar uma decisão: "pleitear na comunidade internacional de maneira formal que devemos manter abertas todas as opções para conseguir a libertação desta pátria que luta e continuará lutando".   

"Para avançar em nossa rota, me reunirei na segunda-feira [25] com nossos aliados da comunidade internacional, e seguiremos ordenando próximas ações dentro do país. A pressão interna e externa é fundamental para a libertação", acrescentou, em referência à próxima reunião do Grupo de Lima, na Colômbia.   

O encontro terá a presença dos vice-presidentes dos Estados Unidos, Mike Pence, e do Brasil, Hamilton Mourão, e de chanceleres do grupo. O aceno de Guaidó a uma ação armada encontrou eco no senador americano Marco Rubio, um dos parlamentares mais ativos sobre a crise venezuelana.   

"Após discussões com diversos líderes regionais, está claro agora que os graves crimes cometidos pelo regime Maduro abriram a porta para várias ações multilaterais que não estavam na mesa 24 horas atrás", afirmou, também no Twitter.   

Durante este sábado, veículos com ajuda humanitária partiram de Cúcuta, na Colômbia, e Boa Vista, no Brasil, para tentar entrar na Venezuela, mas foram barrados pelas forças chavistas. Na fronteira colombiana, dois caminhões com mantimentos foram incendiados.   

Em Santa Elena de Uairén, a 15 quilômetros da divisa brasileira, ao menos três civis morreram em confronto com as forças venezuelanas. Também foi registrado um ataque a uma base das Forças Armadas perto de Pacaraima.   

Já na fronteira com a Colômbia, 285 venezuelanos ficaram feridos nos conflitos. Bogotá diz que 61 militares desertaram e pediram asilo em solo colombiano. "O governo do Brasil expressa sua condenação mais veemente aos atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro, no dia 23 de fevereiro, nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que causaram várias vítimas fatais [sic] e dezenas de feridos", diz uma nota do Ministério das Relações Exteriores.   

Segundo o Itamaraty, o "uso da força contra o povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional, caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro".   

"O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não reconheceram o presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população", acrescenta o comunicado.   

A Itália, que não reconhece Guaidó como presidente legítimo, também condenou a violência do regime. "Juntamente com outros países da União Europeia, condenamos as tentativas de obstruir a entrada de ajuda humanitária para o povo venezuelano e de reprimir com violência as pacíficas manifestações de protesto.   

Queremos novas eleições presidenciais, livres e democráticas", disse o primeiro-ministro Giuseppe Conte, no pronunciamento mais duro de Roma contra Maduro até o momento.   

Envenenamento - O deputado venezuelano Freddy Superlano, membro do partido de Guaidó, foi envenenado em um restaurante de Cúcuta, na Colômbia, e está internado em estado grave, porém estável, em um hospital da cidade.   

Um primo seu, Carlos José Salinas, que também estava no local, acabou morrendo. Os dois estavam na região para tentar fazer entrar a ajuda humanitária na Venezuela. Todas as fronteiras internacionais venezuelanas seguem fechadas, e Maduro rompeu relações diplomáticas com a Colômbia. (ANSA)
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