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Guaidó pede ajuda ao Grupo de Lima para defender democracia

25/02/2019 16h52

BOGOTÁ, 25 FEV (ANSA) - O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, não propôs uma intervenção militar ou uso da força para combater o governo do "usurpador" Nicolás Maduro, em seu discurso nesta segunda-feira (25) durante reunião do Grupo de Lima, realizada em Bogotá. Segundo o opositor ao líder chavista, "não é uma questão de democracia ou ditadura. Não há dilema entre guerra e paz" em sua nação, porque é a paz e a proteção dos cidadãos que devem "prevalecer". No início de seu discurso, Guaidó pediu um minuto de silêncio aos presentes em homenagem as vítimas da violência registrada no último sábado (23) nas fronteiras com Brasil e Colômbia. Ele ainda ressaltou a importância de usar "todos os cenários internacionais possíveis" para restabelecer a democracia no país e não chegou a falar abertamente em intervenção militar. No entanto, Guaidó disse que Maduro "acredita que bloquear a ajuda humanitária foi uma conquista". "O dilema aqui é entre democracia e ditadura, entre os assassinatos e salvar vidas, incluindo a geração de uma forte pressão política ou permitir que outros massacres", explicou. De acordo com o presidente interino venezuelano, o encontro do Grupo de Lima, que conta com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, "de servir para agir claramente para restaurar a democracia e o respeito pelos direitos humanos".   

"É importante deixar claro que os argumentos não são só a preocupação com a democracia, porque não a há na Venezuela. É atuar claramente em torno da recuperação da democracia e do respeito aos Direitos Humanos", enfatizou.   

Novas Sanções - O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, por sua vez, prometeu impor novas sanções "ainda mais fortes" à "rede de corrupção financeira" criada pelo governo de Nicolás Maduro. "Nos próximos dias, os Estados Unidos anunciarão sanções ainda mais fortes contra as corruptas redes financeiras do regime.   

Encontraremos cada dólar que eles roubaram e devolveremos esse dinheiro para o povo venezuelano à medida que continuamos a trazer benefícios econômicos e diplomáticos", disse Pence.   

Ele ainda ressaltou que Guaidó pode contar com o apoio absoluto de Trump. "Estamos com você 100%".   

O vice-presidente norte-americano também pediu para o Grupo de Lima tomar as mesmas atitudes que os EUA e congelar os bens da estatal petrolífera PDVSA e os transferir para Guaidó.   

Além disso, ele fez um apelo para todos os países presentes na cúpula extraordinária na Colômbia para restringirem a concessão de vistos e para reconhecerem todos os representantes do líder opositor. Em seu discurso, Pence ainda ressaltou a importância de fazer pressão contra o governo Maduro. "Esperamos uma transição pacífica para a democracia, mas, como o presidente Trump deixou claro, todas as opções estão na mesa".   

Em uma mensagem direcionada aos militares venezuelanos que ainda se mantêm fiéis ao líder chavista, Pence afirmou que está na hora de compreender a legitimidade de Guaidó e aceitar a oferta de anistia. Segundo ele, caso contrário, as consequências serão graves.   

"Vocês podem escolher aceitar a oferta de Guaidó de anistia, mas se vocês escolherem continuar a apoiar Maduro, vocês serão responsabilizados. Vocês não vão encontrar nenhuma saída fácil, nenhuma escapatória", ressaltou.   

Pence chegou a negar que os Estados Unidos ou o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela planejam adotar medidas com caráter de vingança. Governo brasileiro Já o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, disse que o governo de Jair Bolsonaro aposta em uma "saída sem qualquer medida extrema" para conter a crise na Venezuela.   

"O Brasil acredita firmemente que é possível devolver a Venezuela ao convívio democrático das Américas sem qualquer medida extrema que nos confunda com aquelas nações que serão julgadas pela história como agressoras, invasoras e violadoras das soberanias nacionais", disse.   

Segundo Mourão, de acordo com o contexto atual, não será possível que a Venezuela consiga "se livrar sozinha do regime Maduro". Para ele, a alteração no poder só acontecerá com a ajuda da comunidade internacional. "À luz dos acontecimentos acumulados há mais de uma década, sabemos que a Venezuela não vai conseguir se libertar sozinha da opressão do regime chavista. A hora é de solidariedade latino-americana", ressaltou. O vice de Bolsonaro ainda sugeriu uma pressão maior sobre Caracas, principalmente por parte de organismos internacionais, como a ONU e OEA.   

Por fim, Mourão acusou representantes do governo Maduro de envolvimento com crimes transnacionais e destacou que o líder chavista tem patrocinado uma corrida armamentista nos últimos anos. (ANSA)
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